Os Comandos

|Hélio Bernardo Lopes|
É verdadeiramente espantoso constatar o modo titubeante como o que se passou com cerca de onze recrutas do Curso de Comandos agora a decorrer tem vindo a alimentar a nossa grande comunicação social, muito em especial a televisiva! Sem ofensa, os que vêm tratando este caso, ao nível jornalístico, fazem lembrar o estado de certas moscas...

Indiscutivelmente, tratou-se de um caso nada normal, como logo foi reconhecido por certo oficial superior do Exército. E foi extremamente doloroso que dois dos recrutas tivessem perdido a vida, sendo que ninguém pode hoje garantir o efeito nos restantes ao longo da vida. A verdade, porém, é que também desportistas de alto rendimento, até pagos a peso de ouro, certamente bem controlados desde que chegaram a certos clubes, acabaram por falecer sem mais nem menos.

Acontece que o Exército cometeu à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, (FEUP), – desde sempre muito prestigiada – um estudo sobre o comportamento de jovens recrutas. Esse estudo concluiu que nada de especialmente contraindicado estava pressente no treino que estudou. Mas seria de grande utilidade que se pedissem dois outros estudos a duas outras instituições, mas sem que estas tivessem acesso à metodologia utilizada pela FEUP nem sobre os respetivos trabalhos falassem entre si. E isto é fácil com o ambiente científico.

O que não tem um ínfimo de lógica é pôr a hipótese de extinguir o Batalhão de Comandos, com os respetivos cursos. E Catarina Martins, quase com toda a certeza, não conhece o ambiente e a imagem que poderá ter-se criado ao redor das nossas Forças Armadas – sobretudo, ao nível dos nossos comandos superiores dos ramos, mormente no plano psicológico –, por exemplo, no seio da OTAN, por via daquela decisão governativa de Aníbal Cavaco Silva. Dispor de unidades militares de Fuzileiros, de Comandos e de Paraquedistas é uma marca de qualidade ao nível dos Estados melhor apetrechados no setor da Defesa.

Por fim, deixo aqui um desafio ao EXPRESSO, o de que esclareça os portugueses, a menos de um mínimo de dúvida, sobre o que esteve em causa ao redor da notícia relativa à possibilidade de se extinguir o batalhão em causa, ou tal nunca se ter dado. Aqui sim, é esclarecer os portugueses a menos de um mínimo de dúvida. E foi terrível a morte daqueles nossos dois militares, bem como a provação a que foram sujeitos os restantes nove. Muito doloroso e inesquecível.

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