Reação em cadeia?

|Hélio Bernardo Lopes|
Objetivamente, parece que a CIA, talvez também a NSA, lá acabaram por causar um problema a países e políticos de todo o lado. Um problema que, nos termos do ontem noticiado na TVI, parece ter-se tornado num verdadeiro pesadelo, agora a desenvolver-se qual reação em cadeia. Assim nos referiu Rui Araújo, entrevistado numa tangente por José Alberto Carvalho no noticiário da hora do jantar.

Num dia destes, logo que disponha de um mínimo de calma, escreverei um modelo explicativo meu, mais estruturado, sobre o que terá estado na base deste caso dos Papeis da Mossack Fonseca. A tal empresa que sempre me traz ao pensamento a expressão Mossad Fonseca. Até porque, por razões muito fáceis de perceber, a MOSSAD é um pouco como a histórica Bélarte: está em toda a parte.

De tudo isto, o que acabou por sobressair foi que o mundo ocidental, de facto, se suporta na grande criminalidade das offshores. E depois, que tudo isto, tendo vindo para ficar, só pode ser mantido, de facto, com a tolerância e o apoio da classe política. Com esta manobra dos Estados Unidos o que acaba por ver-se à evidência é que a dita democracia se transformou, depois do fim do comunismo soviético e do triunfo neoliberal, numa autêntica pantomina.

Que teria de ser assim, pois, houve quem dissesse e a tempo e horas. Simplesmente, a classe política, aqui muito apoiada pela grande comunicação social, entretanto tomada pelos grandes interesses, foi sempre negando. O problema foi esta Mossack Fonseca. Agora, muito para cá de um mínimo de erro, ficou a ver-se tudo às claras. Sendo esta a quarta empresa mundial do setor, percebe-se a verdadeira razão de cada um de nós viver acima das nossas possibilidades...

Tudo isto, como terá de compreender-se, está a gerar uma verdadeira reação em cadeia, tentando levar, em países diversos, os jornalistas a expor o leque de nomes por si já conhecidos. Ora, é fácil conseguir tal realidade, embora de um modo arriscado: um tribunal dos Estados Unidos poderá determinar que sejam entregues os tais triliões de informações. Simplesmente, para lá de outros riscos, o que assim se ficaria a saber é que onde houver gente com poder estará, com elevada probabilidade, alguém com pilim numa ou mais offshores.

Por tudo isto, pode o leitor perceber agora que a democracia, de facto, é uma pândega. No fundo, o que há uns anos – já muitos – escrevi: a democracia é uma ilusão, mas que funciona. Só que funciona cada vez pior. Portanto, caro leitor, vá contando os dias até ao momento em que as Nações Unidas venham a proibir as offshores... E por falar em Nações Unidas: com este caso da Mossack Fonseca a decorrer, reparou que António Guterres, na sua audição de ontem, não se lhe referiu, nem lhe foi o tema colocado?

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