Direitos Humanos à vista!

|Hélio Bernardo Lopes|
O leitor recordará, com toda a certeza, o caso de uma jovem russa que tinha uma filha sua, pequenota, e que viveu, durante muito tempo, no seio de um casal português, que a recebeu muito bem, com carinho, amor e boas condições sociais, mas que veio a ser disputada em condições pouco lógicas.

Dos argumentos apresentados em defesa da fixação da pequenita em Portugal pontificavam o desnorte da mãe e o facto de a menina vir a ter na Rússia muito piores condições que as que já possuía em Portugal e de que poderia continuar a dispor no seu futuro.

É claro que, como diz o ditado, o futuro a Deus pertence, pelo que a verdade da última garantia teria de conter alguma incerteza. Segundo se sabe a menina é hoje uma jovem russa e cresceu já bastante. Quase com toda a certeza, deverá ter hoje os seus dezassete anos, tudo apontando para que esteja bem e a anos-luz da situação erradamente dada aqui como certa.

No meio da balbúrdia então criada esteve também presente, ao menos no plano do subconsciente, um preconceito anti-russo. Não se imagina que algo de semelhante pudesse aqui ter lugar com uma menina inglesa e filha de uma compatriota sua. A verdade é que as coisas são como são, pelo que dispomos agora, muito recentemente, de uma espécie de prova de noves, oriunda, precisamente, de Inglaterra.

Uma criança inglesa apresentou-se na mesa do almoço mas sem o dinheiro para pagar a refeição. Sem mais nem menos, muito ao modo anglicano, as funcionárias da cantina deitaram-se a aplicar à menina os Direitos Humanos: não tendo dinheiro para pagar, deram-lhe uma refeição de pão. Parece, até, que se tratava de uma questão regulamentar, com as crianças sem meios a terem refeições de pão e fruta. Embora se possa facilmente depreender a qualidade dos produtos ali servidos a estas crianças.

Convém ter presente que se trata de uma escola primária britânica. E também que, num destes dias, surgiu mais um estudo que veio mostrar a evidência: as crianças mal alimentadas desenvolvem mal o seu intelecto. Simplesmente, neste caso, a referida menina, vítima de discriminação material e social, nem recebeu pão e fruta, tendo de escolher um destes alimentos... E aqui tem o leitor uma das razões para a revolta do conservador britânico, John Major, que já foi Primeiro-Ministro britânico, contra a omnipresente discriminação social hoje presente no Reino Unido, onde só os alunos oriundos de escolas com propinas pagas a peso de ouro acabam por ascender aos altos lugares da vida pública. No fundo, o quadro que foi começado a aplicar pela anterior Maioria-Governo-Presidente. Por isso Pedro Passos Coelho e Paulo Portas se esfalfaram em salientar que a sua obra não foi completada...

Percebe agora o leitor a razão dos políticos europeus abandonarem os refugiados à sua sorte? Pois se eles fazem isto às suas próprias crianças, imaginamos todos o que não fariam às crianças refugiadas. E já agora: que é feito daquela vasta investigação sobre gente da grande sociedade britânica ligada à pedofilia? Neste caso, como facilmente se percebe, tudo irá dar em nada. Como em Espanha, com o caso da realeza. Se fosse com gente russa, chinesa ou angolana, o que não seria!!

Este caso desumano da menina inglesa, alimentada a pão na escola primária, é que nos permite gritar a plenos pulmões, olhando daqui para Norte: Direitos Humanos à vista!

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