"Estrordinária" descoberta!!

|Hélio Bernardo Lopes|

Não deixa de ser estrórdinário assistir às fantásticas descobertas no tempo de loucura que vai atravessando o mundo destes dias. Desta vez, foi o Banco Mundial que nos veio expor que a tecnologia está a tornar os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. Indubitavelmente, é uma estrórdinária descoberta.

Se olharmos com um ínfimo de atenção, foi esta mesma realidade que, muito em surdina, Miguel Monjardino expôs a Ana Lourenço – ainda estava na SIC Notícias –, em certa entrevista curta, quando abordava a problemática do desemprego e a sua (im)possível superação. Interessante foi poder vê-lo evitar expor, com clareza e em voz bem audível, o reconhecimento da evidência agora apontada pelo Banco Mundial.

Diz agora esta instituição que a revolução digital está a favorecer monopólios naturais, a inibir a competitividade e a aumentar as desigualdades entre os mais ricos e os mais pobres. Penso que, se se conseguir um mínimo de coragem ao nível de jornalistas, comentadores, analistas e intelectuais, em geral, é chegado o momento de dar todo o apoio às posições já expostas sobre temas limítrofes desta realidade por parte do Papa Francisco.

É interessante constatar que o Banco Mundial nos venha dizer que a produtividade global abrandou e a desigualdade social se agravou, apesar do avanço da tecnologia. E que a tecnologia acabou por automatizar muitos dos empregos de baixa qualificação que existiam, porque as empresas contratam pessoas com qualificações mais elevadas, ou seja, que puderam pagar os seus estudos. Simplesmente, qualquer um perceberia que seria esta a realidade a que acabaria por chegar-se, sendo evidente que cada dia mais se perderão hipóteses de poder trabalhar e sobreviver.

Que o mundo é louco e que, de um modo muito geral, os políticos mais influentes não pensam nas consequências das suas decisões, bom, é coisa conhecida desde há muitas décadas. Basta recordar, por exemplo, a conversa entre Salazar e George Ball, Secretário de Estado norte-americano, e no que acabou por transformar-se quase todo o continente africano, ao mesmo tempo que a guerra destruidora se alastrou a todo o espaço do Islão, acabando mesmo por arrastar os ineficazes Estados da famigerada União Europeia para becos sem outra saída a não ser a do palavreado. É verdadeiramente estrórdinário este reconhecimento do Banco Mundial. Estrórdinário!!