E ninguém deu por ele!

|Hélio Bernardo Lopes|
Como cada um de nós conhece bem, Portugal é um País repleto de singularidades. Umas más, outras boas. Infelizmente, nem mesmo as boas se refletem de um modo fortemente positivo sobre a vida dos portugueses.

Ainda ontem nos chegaram as inenarráveis revelações de Jean-Claude Juncker, sobre as posições de Portugal, Espanha e Irlanda em face da há muito anunciada reestruturação da dívida da Grécia. Ainda assim, devo dizer que não se constituíram tais revelações em algo de inesperado para mim. Tendo lido as intervenções públicas de Salazar, hoje compiladas em diversos volumes, com edição já antiga, lá se pode encontrar, ao menos em certo discurso, o que agora Juncker revelou na sua entrevista ao jornal belga, LE SOIR.

Mas se ontem foi esta a notícia do dia, logo pela noite nos chegava uma outra: apesar de ter a taxa de desemprego chegado já a rondar os 18%, o Governo Português não submeteu qualquer pedido de apoio ao Fundo Europeu de Apoio à Globalização, criado para ajudar os países europeus a fazerem face ao elevado desemprego.

Simplesmente, a mobilização deste fundo só é possível através do pedido de cada um dos Estados que se encontrem nas situações previstas legalmente, o que nunca teve lugar com o atual Governo Português.

Acontece, porém, que se o Governo Português passou olimpicamente ao lado das possibilidades deste apoio aos desempregados por parte de verbas da União Europeia, também os partidos da oposição, ao que retenho de memória, nunca para tal potencial apontaram as suas exigências. As próprias instituições de solidariedade social também se não deram conta deste potencial, nem uma palavra botando sobre o mesmo.

Até Isabel Jonet – nunca esquecer o caso dos seus bifes – também não se deu nunca conta desta realidade, porque também aqui não retenho uma qualquer sua intervenção. O que nunca foi faltando, sobretudo nas nossas televisões, foi a bola nossa de cada dia. Tudo se lhe foi subjugando, fossem jogos, comentários, transferências ou ditos e desditos. Hoje sim, já em plena dita democracia, é que Fátima, o futebol e o fado se tornaram em estruturas omnipresentes no seio da comunidade portuguesa. Em contrapartida, o dinheiro posto à nossa disposição – só precisava de ser solicitado – para ajudar a sobreviver portugueses com dignidade passou ao lado.

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