|Hélio Bernardo Lopes| |
De facto, já muitos se deram conta do que realmente esteve em jogo nesta ação judiciária, naturalmente suportada em factos reais, mas muitíssimo antigos e a que raríssimos ligaram infinitesimalmente alguma vez Como se sabe bem, esta realidade da corrupção no desporto a muito alto nível, sobretudo de âmbito internacional, é uma realidade omnipresente e dificilmente superável. Tivesse o Comité Olímpico Internacional atribuído à Rússia os Jogos Olímpicos, e aí surgiria uma nova operação policial, muito semelhante à que agora teve lugar.
Noutros tempos já passados, ainda longe de poderem completamente regressar, os Estados Unidos simplesmente tratariam agora de eliminar Blatter do mundo dos vivos. Simplesmente, nos tempos de hoje tal constitui um risco, como se pôde ver com o que poderá ter-se passado com a morte de Ossama bin Laden.
Talvez as autoridades norte-americanas consigam uma qualquer falsa declaração de um qualquer arrependido, que venha a garantir (aparentemente) que Blatter era o Kilas de toda esta realidade. Um mundo, pois, dividido em duas partes: Blatter e mais uns seis ou sete – os maus da fita no mundo do desporto –, e tudo o resto, gente quase beata. Não creio, no entanto, que alguém possa vir agora a acreditar numa historieta deste tipo. Sobretudo, depois de dois senadores da extrema-direita norte-americana terem logo aparecido a pedir a Blatter que suspendesse o Mundial da Rússia... O problema do gato quando se esconde.
É interessante observar a desfaçatez dos hipócritas políticos ocidentais, agora tão escandalizados com a recusa do presidente Nicolás Maduro à visita dos ex-presidentes Andrés Pastrana e Jorge Quiroga aos atuais políticos detidos por ações contra a legislação em vigor na Venezuela, de molde a poderem operar a mais que certa chicana política de aparência democrática. Será que os Estados Unidos aceitam a visita de eurodeputados aos que ainda se encontram presos em Guantánamo, já lá vão décadas sem culpa formada? Claro que não! Sempre o problema do barrete, que só enfia quem quer.