Uma imagem política em queda

|Hélio Bernardo Lopes|
Quando Miguel Macedo deixou a pasta da Administração Interna e se soube que seria aí substituído pela académica Anabela Miranda Rodrigues, escrevi um texto curto, onde me interrogava sobre a sua adequabilidade ao exercício daquelas funções governativas. Ao tempo, concedi o benefício da dúvida, mas realmente com um pé atrás, como usa dizer-se.

Bom, o tempo passou e, no mínimo, há um dado que já se tornou claro: a sua ação política mostra-se discreta, mas por forte ausência de intervenção nos mais quentes temas que o seu antecessor tinha em mãos. Sendo domínios com algum potencial de conflitualidade, a verdade é que os mesmos continuam onde estão, aguardando uma solução. Mas o que se foi também tornando evidente foi uma mui forte ausência de imagem política de Anabela Miranda Rodrigues.

Um político, como se sabe, não pode apenas estar, mesmo que tudo o que da sua ação dependa possa estar a decorrer como o ouro sobre o azul. Desconhecendo tudo sobre Agricultura e sobre Pescas, a verdade é que Assunção Cristas não vem sendo alvo de críticas, mas sempre aparecendo, dando a cara e falando sobre o que tem em mãos e espera uma orientação política sua e da sua equipa. O contrário, pois, do que vem tendo lugar com a Ministra da Administração Interna.

Mais recentemente, o que se veio a falar ao redor de Anabela Miranda Rodrigues foi a demissão de um dos elementos da sua equipa ministerial. Ao que se noticiou, essa demissão ter-se-á ficado a dever a desentendimentos, alegadamente derivados de uma atitude centralizadora da ministra. Simplesmente, o que agora se diz é que ninguém irá substituir o nosso concidadão que se demitiu. A uma primeira vista, pois, a ministra prefere tratar o que estava delegado no anterior governante por si mesma. Tudo, pois, parece bater certo com o noticiado. Ao menos, não infirma o que foi dito.

Ora, o Diário de Notícias de ontem expunha que o Governo estaria preocupado com o ambiente de tensão que se vive na Administração Interna, com Anabela Rodrigues a não conseguir negociar com os sindicatos e a dar mais poder ao seu chefe de gabinete. Verdade? Inverdade? Não se sabe. Mas sabe-se que um jornal com o prestígio do Diário de Notícias, em princípio, não pode deitar mão de notícias deste tipo, só para mostrar que sabe algo desconhecido dos leitores.

Significa isto, pois, que, em termos probabilísticos, é grande a probabilidade de, com contorno muito adequado, a notícia ter um fundamento bem real. A ser assim – é como consigo pensar –, estou agora em crer que as minhas reservas sobre a adequabilidade das caraterísticas de Anabela Miranda Rodrigues para as suas atuais funções estavam certas. Esperemos, pois, pelo resto do tempo.

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