Um dado certo

|Hélio Bernardo Lopes|
À medida que vão decorrendo os dias, novos portugueses se vão dando conta da cabalíssima mentira em que o País vai vivendo. Desta vez, coube ao juiz Carlos Alexandre dar-se conta desta mesma realidade.

Tal como logo referi ao início destes grandes casos mais recentes, em pouco tempo surgiriam ao seu redor, como com o procurador Rosário Teixeira, mil e um problemas, de molde a tentar levar à respetiva paralisia profissional. E quem possa duvidar desta realidade, basta que venha acompanhando a série, UM CRIME, UM CASTIGO, que está a passar na RTP 2.

De um modo mais que sabido, a vida política vive envolta num autêntico caldo de podridão moral. Basta olhar o que está a passar-se em França, com Jean-Marie Le Pen, que, certamente repleto de rabos-de-palha, lá se viu na obrigação de proferir sucessivas bestialidades, em ordem a deitar por terra as crescentes possibilidades de sua filha vir a chegar ao cargo presidencial. É um daqueles casos que, depois das séries UM CRIME, UM CASTIGO e OS INFLUENTES, ambas francesas, só não é percebido por quem realmente se determine a não querer pensar sobre ele e sobre o que lhe estará subjacente. Tal como costumo dizer, à laia de brincadeira, temos a democracia. E o Estado de Direito, claro está...

Nunca imaginei, mormente por ser português – acima de tudo, nesta III República –, que a lei é igual para todos. E muito menos acreditei na real independência dos juízes, ou na autonomia do Ministério Público, dado que todos os concidadãos que se movem no domínio da Justiça sabem bem o alvoroço que se pode causar quando se toca em alguém com algum tipo de poder. Aquelas duas excelentes séries mostram esta realidade à saciedade. Mas, enfim, sempre é bom que existam magistrados sérios e corajosos, embora devam estar plenamente atentos a quanto decorre à sua volta.

Simplesmente, quase todos se interrogam sobre os casos BPN, BPP e GES/BES. Hoje mesmo, a nossa grande comunicação social escrita volta a tratar o caso em que se viu envolvido Manuel Dias Loureiro. A verdade é que os anos vêm passando e nada – ou quase nada – do caso BPN, ou daqueles outros, encontrou um andamento expectável no domínio judiciário. De um modo muito geral, por via de modelos explicativos diversos, já português algum acredita que venham a ter um desfecho capaz.

Ora, este tipo de situações, por muito que se acredite em magistrados diversos, acaba por pôr em causa, mais ainda do que já está, a imagem da qualidade do nosso Sistema de Justiça. Quando se tratam, nas convivências correntes, estes casos que envolvem o ambiente da banca, em geral ligados à grande estratégia da direita e dos interesses, de pronto os intervenientes mostram a mais cabal descrença sobre o Sistema de Justiça e sobre a sua eficácia. E, haverá de compreender-se, é uma reação naturalíssima. O que não seria lógico era a reação contrária. Uma lástima.

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