Um caso que começa a tornar-se estranho

|Hélio Bernardo Lopes|
De um modo doloroso, foi como cada um de nós terá recebido a terrível notícia sobre o desastre com o avião que seguia de Barcelona para Dusseldorf. No meu caso, acresceu ainda que no trágico voo seguiam Maria Radner e Oleg Bryjak, que haviam atuado no Gran Teatro Lyceu de Barcelona, cantando uma ópera de Wagner.

A verdade é que a tragédia está consumada, agora com as autoridades competentes na busca dos destroços mais essenciais à compreensão do que teve lugar, mas por igual no sentido de resolver a angústia dos familiares das vítimas. Vítimas que, em certos casos, atingiram três gerações. Um verdadeiro horror.

Simplesmente, o caso começa a mostrar dados que estão a suscitar alguma estranheza junto dos que acompanham o caso. Mais, até, junto dos que têm comentado tecnicamente o mesmo. Gente que, embora com larga experiência, mostram essa mesma estranheza. E também eu, como simples espectador, sem conhecimentos de aviação, começo a encontrar estranheza neste caso. Vejamos as razões desta minha estranheza.

Em primeiro lugar, achei logo estranhas as declarações da Casa Branca, a cuja luz a hipótese de um atentado terrorista estava completamente afastada. Qualquer um, desde que com um mínimo de ponderação, terá de concluir que uma tal afirmação, tão garantidamente imperativa e logo a poucas horas da tragédia, terá de ser extemporânea. Uma garantia que logo me trouxe ao pensamento as garantias de Diogo Freitas do Amaral, ao tempo do atentado de Camarate.

Em segundo lugar, o facto de se ter encontrado uma primeira caixa negra, mas já muito danificada. Também é estranho, porque o que sempre foi possível ouvir, de gente tecnicamente conhecedora, é que tais objetos são quase indestrutíveis. Diz-se agora que existe um ficheiro suscetível de ser lido, o que faz crer ser só esse ou pouco mais.

Em terceiro lugar, o facto de se ter encontrado o invólucro da outra caixa negra, mas sem o gravador. Dado que o invólucro terá de ser extremamente resistente, e muito mais que o gravador, tudo aponta agora para a cabal destruição deste, se é que virá a ser encontrado. Ou seja, ao nível das duas caixas negras, perecem surgir mui grandes dificuldades.

E, em quarto lugar, a vastíssima distribuição dos destroços, e que parece ser de difícil compreensão como consequência do embate da aeronave contra uma montanha rígida. Antes faz lembrar o resultado de uma explosão – ou várias – ainda no ar. De facto, embatendo o avião numa parte baixa de um talude rochoso num vale escavado, como explicar a tão vasta e minipulverizada distribuição de resíduos?

Acontece que, num dia destes, Nuno Rogeiro concedeu certa entrevista a um jornal económico português, aí referindo que a principal força do Estado Islâmico advém do volume noticioso. Bom, é sempre assim, sendo essa a razão de se impor a censura durante um conflito militar.

Admitamos, então – já terminou a interessante e tão realista série televisiva, OS INFLUENTES –, que tudo isto foi o resultado de um atentado comandado pelo Estado Islâmico. Em face da evidência do que referiu Nuno Rogeiro, e da mínima extemporaneidade da declaração da Casa Branca, será de aceitar que, no caso de se ter tratado de um atentado como referido, as autoridades espanholas, francesas e alemãs iriam contar uma tal (hipotética) verdade? Bom, é bem possível que não, porque fazê-lo seria testemunhar publicamente uma estrondosa vitória do Estado Islâmico, para mais no seio da Europa. Vamos, pois, esperar...

Um dado é certo: começa a crescer a estranheza ao redor deste caso, para mais com uma caixa negra estragada em boa medida e outra de cujo gravador se desconhece o paradeiro. Enfim, vamos esperar por dados futuros.

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