Porque preferem as milheirinhas acasalar com machos mais coloridos?

Já se sabia que as milheirinhas, uma espécie de aves muito abundante em Portugal, preferem acasalar com os machos coloridos, ignorando os restantes. Agora, um estudo desenvolvido por dois investigadores da Universidade de Coimbra (UC) revela porquê.

Milheirinhas
Este estudo ajuda a compreender a evolução da coloração assente em carotenóides, em muitas espécies de animais.

Sucessivas experiências, efetuadas ao longo de 18 meses no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com o objetivo de perceber porque é que a coloração é um estímulo sexual tão importante para as milheirinhas, mostraram que os machos mais coloridos são também os mais saudáveis.

«Verificámos que as milheirinhas escolhem os machos mais coloridos porque a cor é um indicador de qualidade ao nível da saúde», sublinha o coordenador do estudo já publicado na Behavioral Ecology and Sociobiology, Paulo Gama Mota.

As experiências foram realizadas com aves selvagens capturadas no Baixo Mondego (devolvidas à natureza após a conclusão da pesquisa), divididas por dois grupos. Os investigadores começaram por estudar diversas variáveis que permitissem apurar o que distingue os machos mais coloridos, sujeitando um grupo de aves a uma dieta rica em carotenoides (responsáveis pela coloração) e outro a uma alimentação sem a presença desta substância.

Ao fim de alguns meses foi observado que «as aves expostas a uma dieta rica em carotenoides apresentavam um sistema imunitário mais sólido». No ciclo reprodutivo, todos os machos foram colocados em contacto com as milheirinhas, que não tiveram dúvidas em escolher os mais coloridos e saudáveis.

Foi igualmente verificado que a «coloração aumenta com a idade, demonstrando que as aves mais experientes procuram os alimentos mais ricos em carotenoides porque sabem que é importante para a sua saúde. Do ponto de vista da evolução das espécies, este estudo ajuda a compreender como as alterações ambientais podem refletir-se na saúde das aves», conclui o docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra) 
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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