A histórica imitação lusitana

|Hélio Bernardo Lopes|
Como semanalmente tem lugar, acompanhei neste sábado mais recente O EIXO DO MAL, desta vez com o usual grupo de comentadores e com Nuno Artur Silva a moderar. Falou-se, como teria de dar-se, sobre a TAP, a sua privatização e a greve de todos os setores da companhia. Naturalmente, não faltaram opiniões.

De quanto ali foi dito, registei, como justificativo para o presente texto breve, uma ligeira passagem de Pedro Marques Lopes, ao redor das posições que estavam no momento a ser defendidas por Daniel Oliveira, questionando este sobre o número vasto de companhias de aviação europeias já privatizadas.

Ora, essa chamada de atenção, ali apresentada como uma espécie de pergunta, logo me trouxe ao pensamento a velha ideia de que o que se faz lá por fora, sobretudo se em grandes números, deve ser tomado como referência para decisões que são nossas. E por igual me ocorreu a resposta de João Cravinho, há já uns anos, a Mário Crespo, sobre certa situação observada no Reino Unido, e que se saldou nesta expressão tão verdadeira quão significativa: pois é, Mário Crespo, mas é que em Inglaterra há ingleses, ao passo que em Portugal há portugueses. Ou seja: o hábito não faz o monge. Assim não pensou, desta vez, Pedro Marques Lopes: se lá por fora todos já privatizaram, por cá devemos fazê-lo também.

Este tipo de pensamento, e de posição perante as coisas da nossa comunidade nacional, tem tido para os portugueses um incalculável custo. Um custo que se salda na pobreza para que a generalidade dos portugueses foram atirados por via da atual Maioria-Governo-Presidente. Em todo o caso, uma realidade que se vem vivendo desde há quatro décadas, a partir do momento em que se procura governar ao sabor das modas que vão imperando no nosso exterior, ao invés de olhar a nossa realidade à luz de um peso histórico de quase nove séculos.

O preço de se ter vindo a seguir a moda que vai surgindo ao longe é simplesmente fantástico. Uma moda que parece ter vindo para ficar. Estamos na miséria e sem um futuro minimamente capaz, mas o que não estamos é sozinhos, antes bem alinhadinhos com que manda em cada momento e nas mais diversas circunstâncias. Que maravilha!

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