Eu bem avisei...

|Hélio Bernardo Lopes|
Tive já a oportunidade de expor a minha opção eleitoral no pleito que conduziu Marcelo Rebelo de Sousa ao alto cargo de Presidente da República, tendo votado no seu colega António Sampaio da Nóvoa, e tendo salientado, bem a tempo e horas, os riscos que poderiam vir a correr-se com o resultado que sobreveio.

Os portugueses, naturalmente, decidiram votar no nosso jurista e académico, assim dando início a um potencial que não foi ainda possível observar em todo o seu esplendor interventivo, naturalmente à luz do seu pensamento político e das correspondentes opções partidárias. Uma realidade determinada, em essência, por três fatores. Por um lado, aquele histórico desabafo de Pedro Passos Coelho sobre que o PSD não se daria a apoiar um catavento político. Por outro lado, a excelente ação – também tem havido falhas importantes – do atual Governo de António Costa. E, por fim, pela completa ausência de reais, humanas e melhores soluções da Direita – PSD e CDS – que pudessem servir de cimento ao que a fação direitista do PS tanto desejaria, e que seria pôr em prática um blairismo à portuguesa.

Acontece que a ação política do Governo de António Costa se tem visto muito condicionada pela intervenção do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Desde logo, por via do comportamento popularucho do Presidente, suportado em beijos, abraços, férias e selfies. Depois, porque, de facto, nunca se pode dizer que o Presidente da República não governou bem, porque o que se dá é que ele deixa governar, mas em maior ou menor grau. Os resultados da atual governação, se é verdade que se devem à arte e ao engenho do Governo de António Costa, talvez pudessem até ter sido melhores, desde que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa deixasse que o Governo mostrasse ao que realmente pretendia vir, ao invés de conduzir a vida pública com os condicionamentos do Presidente da República e dos antigos colegas seus do jornalismo, sempre de si tão incondicionalmente próximos.

Vejamos um exemplo, que aqui deixo ao leitor. Imagine que o que se passou com o ex-vereador Ricardo Robles se tivesse passado com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, mas em circunstâncias formalmente equivalentes. Acredita o leitor que todo o alarido que se tem podido ver teria igualmente lugar? Claro que não!

Para se perceber que é esta a realidade, temos agora dois casos, embora ao redor da mesma temática. Por um lado, aquele inoportuno comunicado de Belém, sobre que não estava aqui nenhum diploma para ser promulgado ao redor do que dissera Catarina Martins. Ora, como logo se percebeu facilmente, esta espera para promulgação só derivava de ter a mesma de ser operada ao redor do diploma que tratava o tema. A afirmação da líder do Bloco de Esquerda não se referiu nunca a estar já o diploma em Belém. Ou seja: Catarina falou de autênticos alhos, Belém respondeu sobre bugalhos.

Ora, ainda ao redor deste tema, que tanta luz artificial tem feito correr, surgiu agora a notícia de que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa poderá vetar o diploma que creio estar já agora em Belém. Devo dizer que não suscitará em mim admiração uma tal tomada de posição, porque uma coisa é dar beijos, abraços, fazer visitas e entrar em selfies, outra contrariar os grandes interesses de sempre em Portugal, mesmo que à custa do sofrimento de muitos portugueses com idade avançada e, quase certamente, bem mal pagos. Mas, enfim, temos de esperar para ver o que vai fazer o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Por fim, ainda uma notinha: depois do que se ouviu no tempo quente do verão de 2017 ao Presidente da República, não seria oportuno e lógico de si escutar agora, mesmo que muito informalmente, um apelo a todos os portugueses no sentido de defenderem, cada um com os seus meios, o Portugal que temos, para mais depois de um esforço tão empenhado e vasto do Governo e de quantos de si dependem? Aqui está, para mim indiscutivelmente, uma objetiva ausência do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Uma ausência que, estou em crer, nunca se daria com António Sampaio da Nóvoa como Presidente da República.

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