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O sarampo regressou. E agora? |
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A vacinação faz parte do direito da criança à saúde, que supera o direito dos pais poderem optar ou recusar a imunização. Enquanto mais de 95% da população estiver vacinada, verifica-se a imunidade de grupo, o que dificulta a transmissão da doença, uma vez que a maioria estará imunizada – digamos que funcionam de escudo para aqueles que não se vacinaram por ainda não terem idade ou por estarem com o sistema imunitário debilitado. Assim, ao não vacinar um filho, os progenitores estão não só a colocar a saúde da criança em risco como das outras crianças à sua volta.
Os receios das vacinas resultam, em grande medida, de desinformação disseminada na internet, apoiada em teorias da conspiração. Uma dessas teorias diz que as empresas multinacionais causam doenças para lucrarem com elas – como se o sarampo, a varicela ou a rubéola, por exemplo, já não existissem há milhares de anos. Na realidade, o ser humano tem conseguido, através da investigação científica, compreender a causa e o mecanismo de infeção dessas doenças e, assim, combatê-las. Devido aos avanços científicos e médicos estamos cada vez mais saudáveis. Recusar as vacinas é um retrocesso civilizacional.
Outro receio é que as vacinas causem doenças como o autismo. A origem deste rumor remonta a um artigo publicado pelo (ex)médico britânico Andrew Wakefield, em 1998, mas que foi retirado da revista por ter sido considerado fraudulento. Múltiplos estudos realizados posteriormente para estudar essa suposta associação concluíram que a vacina não causa o síndrome de autismo. Além disso, uma investigação jornalística demonstrou que Wakefield tinha conflitos de interesse nesta área, uma vez que tinha sido pago para apresentar provas com o intuito de processar o laboratório produtor da vacina, e porque ele mesmo tinha registado uma patente para uma outra vacina contra o sarampo. Wakefield viria a perder a sua licença para exercer medicina devido ao mau trato das crianças que usou no estudo.
O melhor que nós podemos fazer sempre que nos depararmos com o discurso anti-vacinação é refutá-lo e convencer os pais das vantagens de vacinar as suas crianças. É uma questão de saúde pública. Uma população vacinada é uma sociedade protegida.
João Lourenço Monteiro – Biólogo
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva