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|Hélio Bernardo Lopes| |
Acontece o que todos têm podido ver a cada dia que passa: se deixaram de impor-se regras fortes de conduta e se tudo pode decorrer sem obstáculos, acabam por sobrevir a violência e o crime. Uma criminalidade que varre um espetro amplo de situações, que vão desde aspetos conjugais aos ligados à grande pecha da corrupção e da grande criminalidade económica e financeira transnacional, que são as marcas típicas da sociedade que se estruturou.
Não publicitar tais realidades perante os povos seria, como facilmente se percebe, dar-lhes cobertura para que continuassem a manter-se e para que conseguissem sair impunes os criminosos em causa. Só pôde ouvir-se de Bento XVI o que se ouviu, na sua viagem de avião para Portugal, porque era avassaladora a onda noticiosa ao redor da pedofilia no seio de estruturas católicas as mais diversas e por todo o mundo. E foi por via desse reconhecimento que o padre e doutor José Nuno Ferreira da Silva se determinou a apresentar queixa junto da nunciatura apostólica em Portugal. E mesmo assim, nada sucedeu.
Por tudo isto, não deixei de ficar admirado com a recente reação do Papa Francisco em face da banalização da violência, operada, em sua opinião, por via da grande comunicação social. Simplesmente, isto corresponde a inverter as realidades em causa, porque não divulgar essa violência seria escondê-la, como se deu com o que vinha tendo lugar ao redor do que levou aquele padre a queixar-se ao Papa Bento XVI através da Nunciatura Apostólica em Portugal.
Deixar de informar os povos sobre o que vai pelo mundo seria regressar à censura. Seria o melhor instrumento protetor dos grandes criminosos do mundo, estejam eles onde quer que seja e desempenhem as funções que forem. Sem liberdade de informar o que sobrevirá é a censura. E, como em tudo na vida, o ótimo é inimigo do bom.