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|Hélio Bernardo Lopes| |
Respondendo a uma observação do responsável pelo noticiário, a convidada reconheceu que a democracia brasileira irá sofrer alguma perda no seu prestígio, o que me deixou sorridente, tendo logo salientado para a minha mulher e neto: mas a democracia já acabou, está reduzida a um dia de voto e sem nenhum real valor!
Estas palavras de ontem dos convidados trouxeram-me ao pensamento as notícias constantemente brandidas sobre Donald Trump, esquecendo, propositadamente, que Hillary Clinton é uma incompetente, ou uma abusadora perigosa, dado que se determinou a manusear documentação classificada ligada à segurança dos Estados Unidos usando o seu servidor privado!
E nem sequer se lembram de nos dizer, afinal, o que se conterá nos tais documentos que terão sido dados à estampa por Julian Assange sobre a americana. Para já não falar no silêncio sepulcral que se abateu sobre os Papéis da Mossack Fonseca, mormente ao nível dos nossos jornalistas e políticos, e das suas ligações à banca e às secretas, portuguesas ou estrangeiras. E, como facilmente se percebe, este silêncio não pode ser para proteger jornalistas de somenos... Terão de ser, claro está, de primeira grandeza, usualmente tomados como campeões da liberdade e da democracia...
Esta conversa sem pés nem cabeça só é equivalente à constante e desumana defesa da destruição da Segurança Social Pública, sempre defendida por Sousa Tavares em nome da sua própria sustentação, embora sem nunca responder a esta questão central, a que o Papa Francisco constantemente se refere: e as pessoas, os velhotes, os que já se encontram na completa dependência das suas pensões?!
Claro está que eu compreendo o que é o dever de ofício, como se dará com Cândida Pinto, ou a dificuldade em reconhecer o falhanço cabal da doutrina de toda uma vida, para mais vivida no seio de uma família como a dos pais de Miguel e do respetivo ambiente de amizades.
Ainda assim, não deixa de causar uma razoável desilusão escutar os comentários de ontem, aparentando não perceber a dinâmica do mundo de hoje. E sabe o leitor o que me ocorre? Pois as palavras de Manuel Alegre, há uns dois ou três anos, em entrevista concedida a António José Teixeira: hoje é muito mais difícil resistir.
Uma realidade a que posso juntar esta minha dúvida: perante o caso dos atuais refugiados, onde estão hoje, afinal, os Aristides de Sousa Mendes? A conclusão é simples: falar por falar tem sempre um preço...