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| |Hélio Bernardo Lopes| |
E tem, dentro do que penso sobre o tema, a mais completa razão. De resto, tive já mesmo a oportunidade de escrever sobre este tema e na perspetiva ora em causa.
Claro que o suposto combate aos traficantes de pessoas é uma mera desculpa. Uma coisa é saber se esse tráfico realmente existe – existe mesmo –, outra o de encontrar uma solução sustentável para que tal horrorosa realidade seja drasticamente diminuída. Esta solução, como facilmente se percebe, exige da parte mais rica e poderosa da Comunidade Internacional um plano global de desenvolvimento do continente africano e de toda a região do Médio Oriente. Em todo o caso, um plano de desenvolvimento que fuja do caminho que está a destruir o equilíbrio da Terra.
Por outro lado, esse tal combate às embarcações dos tais traficantes de pessoas acabará por conduzir a um extravasar dessa atividade para outros Estados limítrofes da Líbia. E não se deve pôr de lado os casos de bombardeamento amigo, para o que basta mudar ligeiramente as embarcações.
Enfim, a seguir-se por este caminho, há um dado certo: para lá de se deixar a África – e lugares fora dela – na miséria de sempre, acabará por atingir-se gravemente centenas de pessoas que continuarão sempre a fugir dos lugares onde a morte seria, a curto prazo, a certeza máxima. No fundo, falta boa-fé ao Ocidente. Um problema de sempre.