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| José Mariano Gago |
Mariano Gago, em entrevista à revista Análise Social em 2011, caracterizou-se: "faço também parte de uma geração que, na Europa, na América, e noutras partes do mundo, quis levar a ciência para a rua, levar a experimentação para a escola, trazer a argumentação científica para dentro dos debates de sociedade e para a decisão política democrática ".
Era um homem de futuro e o futuro lembrar-se-á dele como exemplo do que temos de fazer para desenvolver Portugal. “O desenvolvimento científico tem possibilidade de influenciar a visão do futuro, porque convoca necessariamente a sociedade moderna e por isso é uma força democrática”, disse Mariano Gago, avisando que “não há desenvolvimento científico se essa convicção não atravessar todos os partido políticos”. De facto, o seu trabalho e a sua personalidade são reconhecidos com respeito maior por todo o espectro partidário. Foi o nosso primeiro Ministro da Ciência, não de um partido, mas de Portugal.
Se temos [a agência] Ciência Viva, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, se temos Ministério da Ciência, é graças a ele. O país deve estar-lhe grato pelo que nos deixa. A melhor homenagem que lhe podemos fazer todos é continuar o que ele fez. Era um pensador que sonhava o futuro para todos e o futuro passa pela ciência. Era uma pessoa com uma grande energia, muito convincente. A cabeça dele fervilhava de futuro. Era inspirador.”
Com ele a incipiente ciência portuguesa sai do seu quintal umbilical e internacionaliza-se adquirindo uma qualidade em quantidade nunca antes atingida na história portuguesa, prestigiada hoje pelos melhores laboratórios de investigação do mundo. Com Mariano Gago a ciência portuguesa tornou-se global, com uma mobilidade comparável à grandeza dos Descobrimentos.
A sociedade portuguesa, sem se aperceber ainda disso, mudou com Mariano Gago. Deve-se a ele a criação da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica – Ciência Viva. A rede de centros Ciência Viva, de que o Exploratório e o Rómulo fazem parte, aproximou a ciência dos cidadãos, complementou experimentalmente a formação escolar. A Ciência Viva é uma entidade única e exemplar na Europa!
Uma maior cultura científica tornar-nos-á melhores cidadãos em democracia.
António Piedade
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
