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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Tudo se havia iniciado com o anterior Governo, chefiado por José Sócrates, com a cumplicidade da grande maioria dos portugueses.
Pois, num dia destes, eis que aqui chegou a notícia velha de anos, confirmada agora por um qualquer estudo de mérito, ou pelo reconhecimento de uma qualquer entidade credível: pelo menos seis mil e duzentos milhões de euros – quase dez por cento da riqueza mundial – estavam, no final do ano passado, em contas particulares de paraísos fiscais situados na Suíça, no Luxemburgo ou em Singapura...
Este fantástico montante é superior ao dobro do produto interno bruto da Alemanha, colocado naqueles países – e noutros, como o Banco do Vaticano, Caimão, etc. – e, sobretudo, por parte de cidadãos de Estados europeus. No entretanto; como a grande maioria vai experimentando, tudo vai, de um modo muito geral, piorando, já com o valor da democracia prestes a ficar como há dias se viu com o prédio russo cuja implosão não foi capazmente conseguida, mas quedando-se inabitável. Ao menos sem grande risco de vida.
De resto, ainda recentemente se ficou a saber do papel, completamente imoral, do Governo do Luxemburgo, ao menos ao tempo da liderança do atual líder da Comissão Europeu. Agarrando-se a questões formais de legalidade, o senhor e a quase totalidade dos eurodeputados e dos governantes dos Estados da Europa, assobiaram para o lado, com tudo a continuar como de antes.
O interessante de tudo isto, malgrado quanto teve de dizer-se para a grande comunicação social, foi o facto de ninguém, ao nível dos governantes europeus, se determinar a desencadear uma qualquer iniciativa no sentido de pôr um fim definitivo nos criminosos paraísos fiscais. Já com quarenta anos de vida da nossa III República, nunca um Presidente da República, um Primeiro-Ministro ou a nossa Assembleia da República, alguma vez assumiram uma iniciativa, num areópago internacional, no sentido de se pôr um fim nos paraísos fiscais.
Embora tudo vá continuar como sempre se deu, ao menos o Papa Francisco reconheceu a situação criminosa em que se encontrava, desde sempre, o dito Banco do Vaticano, condenando-a e tentando operar (ineficazes) mudanças para melhor.
Como se vê, todos proclamam a imoralidade dos paraísos fiscais, mas ninguém faz um infinitésimo para mudar uma tal realidade. Em contrapartida, nós é que, nas bocas dos políticos de hoje, viveríamos acima das nossas possibilidades. E, ao que se vai sabendo, parece que continuam a pensar isto mesmo ainda hoje: querem mais cortes...
