![]() |
| |Tânia Rei| |
“Mas, eu quero!”, era a nossa suprema justificação. E lá vinha o “querer não é poder”, que deitava por terra todas as nossas intenções que envolviam agulhas e música aos berros.
O povo tem sempre razão, é isto.
Quer é um sentimento inerente ao ser humano. “Queres uma torrada?”, “queres ir beber um café?”, “queres estar quietinho?”. E só temos de responder sim ou não, mediante as nossas vontades. Vontades essas que nem sempre serão atendidas.
O que é também verdade, da mais verdadeira que para aí há, é que os “quereres” estão sempre certos. Não há vontades erradas. Se queremos, há um motivo, uma justificação, por mais ilógica que seja.
Os “quereres” são as vontades espontâneas. Não há fretes nem revirares de olhos quando se querer. Querer é honesto, não é inconstitucional e faz bem à circulação sanguínea.
No entanto, a maior parte das vezes que temos estas vá lá… ânsias, ou ganas… acabamos por parecer miúdos a fazer birra no supermercado, agarrados às pernas dos pais, a pedir gomas ou outras coisas que provocam cáries ou obesidade. Porquê? Ora, “querer não é poder. E nem sempre podemos. E vamos amuar, espernear, pedir explicações, acender velinhas e até chorar desalmadamente.
Bom mesmo é quando queremos, e a coisa resulta. Ou fazemos com que resulte, por mais que alguém não queira.
Certa vez, também numa superfície comercial, vi um miúdo, que, ao apanhar a mãe distraída no meio dos sacos das compras, já na caixa de pagamento, resolveu comer pintaloras directamente do pacote. A mãe não queria. Não viu. Ninguém viu, só eu. Ele quis, e eu não quis denunciar. Errado, eu sei. Só que era a nossa vontade, e estava de acordo. O petiz era um sim, e eu era um não. Ele saiu lambuzado e eu ganhei um sorriso. E sorrir é como comer pintarolas escondido.
Os nossos “quereres” podem não nos levar pelos melhores caminhos. Podem, pelo contrário, fazer-nos caminhar a passos largos para um abismo no cume do Evereste.
Mas, como queremos, é um caminho que iremos fazer a correr, e a sorrir, porque é o que queremos.
