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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Para justificar esta minha ideia, coloco ao leitor esta pergunta: acharia adequado o perfil de Jorge Miranda, Gomes Canotilho ou Figueiredo Dias para um tal cargo político? Não creio, desde que o leitor conheça bem as caraterísticas destes nossos concidadãos. Nem mesmo creio que Diogo Freitas do Amaral alguma vez aceitasse uma tal pasta, apesar de ter um excelente currículo e ser, objetivamente, uma personalidade política. E desde sempre.
Acontece que o que está jogo nada tem que ver com o ter, ou não, um excelente palmarés académico. Se é verdade que sempre pensei isto mesmo de Anabela Miranda Rodrigues, a verdade é que ela foi preterida no concurso em que entrou no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Ao final, quem veio a ser escolhido foi um juiz de carreira, apenas doutorado, e que não era catedrático em universidade alguma.
Ora, a pasta da Administração Interna é complexa, em si mesma, tem em dia decisões importantes que o Governo desenvolveu já de antes, e tem, por igual, problemas potenciais melindrosos, muito em especial depois do alarme criado pela grande comunicação social ao redor da comunidade de informações.
Certo, como se pôde ver, é que ninguém pôs minimamente em causa o currículo brilhante de Anabela Miranda Rodrigues – eu sou o primeiro a elevá-lo bem alto –, mas o seu nome não concitou assim tantas certezas ao nível político e funcional. Sobretudo, político. De resto, se fosse o currículo académico a servir de aval para um cargo público, a verdade é que Miguel Macedo não o tinha. Mas tinha, isso sim, um currículo político que era uma garantia. O que se pôde ver enquanto foi governante, para lá de um ou outro abanão, mas sempre superado com o bom senso e elevada sensibilidade política. Veremos se as minhas dúvidas têm, ou não, razão para existirem.
