Portugal e Espanha tornaram-se países europeus mais sedentários, e
encontram-se em terceiro e em décimo primeiro lugar, respetivamente, entre os 28 países da
UE que menos atividade física e desporto fazem.
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'Conhecer o conceito de balanço energético e a sua aplicação
é o fator chave na prevenção da obesidade'
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Com estes dados sobre a mesa, torna-se
necessário e ainda mais importante passar a compreensão de conceitos como o equilíbrio
energético entre o que se consome e o que gastamos, a chave para evitar o sobrepeso e a
obesidade, e promover a aquisição de hábitos saudáveis na população.
Estes e outros aspetos
foram discutidos no simpósio "Balanço energético, atividade física e saúde", realizada
recentemente no XXXIV Congresso da Sociedade Espanhola de Medicina Familiar e
Comunitária (SEMFYC).
O simpósio "Balanço energético, atividade física e saúde", coordenado pelo Dr. Javier
Aranceta, Presidente da Comissão Científica da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária
(SENC), reuniu vários especialistas para abordar e discutir sobre os hábitos saudável,
especialmente sobre padrões alimentares e de atividade física, bem como o papel
fundamental da educação como uma parte indivisível de um estilo de vida saudável.
De acordo com esses especialistas, a obesidade é o resultado de um contínuo balanço
energético positivo, em que o consumo total de energia excede o gasto total de energia. Neste
sentido, de acordo com o Prof Dr. Gregorio Varela-Moreiras, Professor de Nutrição e Ciência
dos Alimentos da Universidade San Pablo CEU, em Madrid, Presidente da Fundação de
Nutrição Espanhola (FEN) e um dos especialistas participantes no simpósio, "conhecer o
conceito de balanço energético e aplicá-lo nas nossas vidas é talvez o mais importante para a
manutenção de um bom estado de saúde e tentar prevenir a obesidade”. O professor afirma
que "não devemos estudar os componentes do balanço energético de forma isolada mas de
uma forma integrada, e como eles interagem uns com os outros".
Em relação ao gasto de energia, e segundo uma das análises de base para o desenvolvimento
do Documento de Consenso sobre a obesidade e o sedentarismo na Europa a maioria da
população (60%) não pratica qualquer desporto ou pratica muito pouco (21%). 42% da
população espanhola nunca faz atividade física ou desporto, estando em décimo primeiro
lugar entre os 28 países da União Europeia onde menos atividade física e desporto se realiza,
precedido pela Grécia, Bélgica, Portugal, Itália, Hungria e Polônia, entre outros. Por outro lado,
países como a Suécia, Finlândia, Dinamarca, Eslovénia, Irlanda e Países Baixos, registam uma
menor percentagem de pessoas inativas.
Segundo os especialistas do Simpósio, "para poder conhecer estes fatores devem ser
realizadas pesquisas de nutrição que para além de incluir amostras aleatórias devem ser
analisados de forma integrada os dados antropométricos (IMC, perímetro abdominal e massa
gorda) juntamente com a ingestão de alimentos por meio de pesquisas que quantifiquem a
memória e gravação, assim como questionários que analisem a atividade física e que,
juntamente com a incorporação de acelerómetros nos permitam determinar, com a maior
precisão possível, os dados de energia e de macronutrientes e o gasto de energia, além de
outros parâmetros de saúde”.
A este respeito, o Prof Dr. Lluis Serra-Majem, professor de medicina preventiva e saúde
pública da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, Presidente da Fundação de Pesquisa
de Nutrição e membro da CIBER Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição Carlos III e outro dos
participantes do simpósio, afirma que "os programas de saúde pública para prevenir a
obesidade em Espanha deveriam priorizar a promoção da atividade física", e que "a aquisição
de estilos de vida saudáveis deve ser o objetivo de qualquer política de saúde. "
Neste sentido, o Prof. Dr. José Antonio Calbet, Professor de Fisiologia do Exercício do
Departamento de Educação Física da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria e outro dos
especialistas do simpósio, refere que "o exercício é em si uma medicina, e deve ser visto como
tal pelos especialistas -como um requisito terapêutico- e feito regularmente, como fazemos
com os tratamentos com medicamentos. "
Por outro lado, os especialistas concordam na necessidade de se realizar uma abordagem
multifatorial ao sobrepeso e à obesidade, com o envolvimento de todos os atores e setores e
destacando também a influência do ambiente sobre o comportamento das pessoas e a
importância de fornecer a população de infraestruturas necessárias para ajudar no
desenvolvimento de um estilo de vida mais ativo, assim como realizar esforços especiais na
educação, de modo a que se possa ajudar as pessoas a compreender o significado e alcance do
conceito de balanço energético e a sua importância na prevenção de sobrepeso e obesidade e
na promoção da saúde.
Serra-Majem Ll, Bautista-Castaño I. Etiology of obesity: two “key issues” and other emerging
factors.Nutrición Hospitalaria 2013;28(Supl.5):32-42