Hélio Bernardo Lopes escreve diariamente |
Um ponto houve, porém, que justificou este meu texto: o que se refere à ideia de Durão Barroso, de que PS, PSD e CDS/PP deveriam apresentar um candidato comum ao Presidente da República em 2016. Um tema que Marcelo considerou um tiro no pé de Durão, dado que este se exclui, assim, da corrida presidencial. Diz Marcelo que a personalidade escolhida, depois do que já se ouviu a Seguro e a Sócrates, nunca poderá ser Durão.
Acontece que este sabe muitíssimo bem que nunca concitará os votos do eleitorado anterior do PSD e do CDS/PP, mesmo que estes dois partidos viessem a apoiar uma sua candidatura. Durão Barroso conhece perfeitamente os fortíssimos anticorpos que o acompanham, desde a sua infeliz afirmação de que Portugal estava de tanga, passando pela sua presença na cimeira que combinou o ataque ilegal ao Iraque, e pelo seu abandono das funções governativas que exercia, até ao fraquíssimo desempenho político em Bruxelas. Durão sabe que nunca ganharia uma tal eleição.
Mas do que este já se deu conta foi que Marcelo encostou Pedro Passos Coelho à parede, depois daquela definição deste sobre o perfil de um candidato presidencial a apoiar pelo PSD. Marcelo em nada sofreu na sua imagem, mesmo que possa vir a ser candidato e a não ganhar. Pelo contrário: quem saiu a perder foi Pedro Passos Coelho, e ainda mais por se ter esfalfado a negar o que teve uma interpretação universal.
Sendo assim, o que pretendeu Durão Barroso com aquela sua ideia de baixíssima probabilidade de poder vir a ter lugar? É simples: na peugada da ideia do consenso inevitável, a maior ou menor prazo, lançou esta sua mais recente ideia, a qual, a ser aceite, nunca poderia levar à escolha de um candidato partidário, ou seja, excluiria o próprio Marcelo Rebelo de Sousa... Este é que terá sido o verdadeiro objetivo de Durão Barroso, não sendo, pois, um qualquer tiro no pé, dado que ele sabe muitíssimo bem que está hoje pelas horas da amargura ao nível da sua imagem junto dos portugueses.
Mas Marcelo tem razão num ponto: os portugueses, já escaldados com a atual Maioria-Governo-Presidente de direita, só por fortíssima limitação na interpretação de quanto (ainda) está em jogo voltarão a cair na ideia de escolher um novo Presidente da República oriundo da direita. Tudo esteve bem até ao surgimento de um Presidente da República dessa área, acabando por se chegar ao estado que se conhece com o futuro que já todos percebem hoje com clareza.