Hélio Bernardo Lopes Escreve diariamente |
Os mais velhos recordar-se-ão com clareza da dureza das críticas à ação política do Governo de Mário Soares, mas não terão conseguido ainda vislumbrar uma crítica de jeito, mesmo que ínfima, à política da atual Maioria-Governo-Presidente. Não tendo nunca sido vermelho, a globalidade do seu comportamento como bispo o que nos mostra é que é alaranjado. Sem espanto, foram duas as suas linhas de intervenção nesta sua curta aparição.
Em primeiro lugar, e como sempre teria de dar-se, o grande apreço por Francisco I e por tudo quanto vem fazendo ou dizendo. A verdade é que o nosso histórico bispo, como todos os restantes, teria sempre de dizer o que agora se lhe ouviu. Tivesse Francisco I dito e feito exatamente o contrário, e do bispo emérito de Setúbal, Manuel Martins, ouviríamos os mesmos encómios ao seu Papa. Ossos do ofício...
E, em segundo lugar, qual democratão, o bispo emérito de Setúbal, Manuel Martins, apontou dois grandes culpados pelo rumo atual do País: os partidos políticos e os sindicatos. Precisamente dois pilares essenciais à vida democrática de qualquer Estado que não seja muito totalitário. De um modo claramente populista, de pronto procurou ir ao encontro dos alvos mais imediatos do mal que varre o País e o Mundo. O tal bispo que se dizia ser vermelho, mas que sempre foi, de facto, bem alaranjado...
Não lhe ocorreu o neoliberalismo, nem a globalização, nem a ética do dinheiro como valor supremo. E compreende-se que assim seja, porque a Igreja Católica, afinal e depois de tudo, lá acabou por manter o seu banco... Jesus expulsou os vendilhões do Templo, mas a Igreja Católica mantém o Instituto de Obras Religiosas. Um sinal de hoje e de sempre. Claro que agora tudo se faz com supervisão, que era o que também existia entre nós ao tempo dos casos BCP, BPN e BPP. E até nos Estados nidos, como se pôde ver com um estrondo universal. Enfim, um democratão…