Deverá passar em claro

Não há noticiário das nossas televisões que nos não traga a situação da Venezuela. Rapta-se alguém na Venezuela, e aí estão os nossos canais a repetir o noticiário a um ritmo diário, noticiário após noticiário.

Em contrapartida, depois das recentes palavras de uma das principais autoridades do Conselho da Europa sobre o caso das vacinas destinadas à Gripe A, o tema deverá ter já caído no esquecimento.

E quem se não recorda, hoje ainda, dos tristemente célebres e criminosos voos da CIA, transportando prisioneiros destinados a serem torturados noutros países, muitos dos quais em litígio mais ou menos aparente com os Estado Unidos? E vê o meu caro leitor os nossos canais abordarem esse problema dos voos da CIA? Vê esses canais televisivos realizarem um ínfimo de jornalisto de investigação sobre esse tema? Claro que não!

Pois, há dias o líder do Governo grego explicou ao Mundo, ponderada e pausadamente, o estado de vasta corrupção que foi deixado no seu país pelo Governo de direita que o antecedeu. E nessa corrupção, incluiu grupos económicos, grande finança, jornalistas, juízes e polícias.

Agora pergunto eu ao meu caríssimo leitor: vê os nossos canais televisivos escalpelizarem um tema escaldante e criminoso como este? Pois claro que não! Se fosse Chávez, ou Mugabe, ai o que por esse Mundo fora não iria já?!

Pode por aqui ver o meu caro leitor uma coisa cada dia mais evidente para quase todos os portugueses: a tal medíocre democracia que temos, como muito bem a classificou há dias um nosso concidadão, serve apenas para dar legitimidade a quem chega ao poder através da ingenuidade de quem ainda se dá ao trabalho de ir votar.

Depois, as coisas prosseguem, tendo-se chegado ao ponto de ouvir João Confraria, docente da Universidade Católica Portuguesa, em plena televisão, dizer que a taxação dos bónus dos maiores vencimentos tem pouco valor e nem vale a pena seguir por aí - pudera!! -, porque a
crise deve ser paga, isso sim, pela classe média!!!

Como vê, meu caro leitor, tudo é já claro: ponha a direita no poder, ou Pedro Passos Coelho à frente do PSD, e espere depois pelo terrível resultado que se abaterá, e quase de imediato, sobre a sua cabeça e as dos seus familiares.

Ao ouvir aquele docente da nossa Universidade Católica, de pronto me ocorreu: ora, aqui está um excelente técnico para resolver os graves problemas financeiros do Vaticano, deixando os cardeais e os bispos por taxar, e fazendo incidir o dever de pagamento sobre a classe média da Igreja Católica, ou seja, os padres, os diáconos e os fiéis.

Terá agora o meu caro leitor a oportunidade de ver que aquelas explosivas revelações do Primeiro-Ministro da Grécia, ao nível dos nossos canais televisivos, deverão ter caído no olvido. É como se nunca tivessem sido produzidas.

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