
Existe uma tendência crescente de desinvestimento em infra-estruturas, o que aumenta exponencialmente o nível de fragilização das populações mundiais face a riscos como catástrofes naturais (tremores de terra, tornados, inundações), epidemias, pandemias, e potencia a ocorrência de catástrofes humanitárias. Segundo o relatório serão necessários 35 biliões de dólares em investimentos em infra-estruturas nos próximos 20 anos, sobretudo na agricultura, segurança alimentar, abastecimento de água, energia, transportes e medidas de adaptação às alterações climáticas. Os países mais pobres serão os que irão sofrer mais com as mudanças climáticas, devido à falta de infra-estruturas e organização institucional.
O risco de desastres naturais é crescente, devido também à fragilização dos sistemas ecológicos e dos habitats terrestres, cujas consequências vão das doenças endémicas, às dificuldades de abastecimento das populações de água potável e alimentos. O aumento do número de mortes por desastres naturais e biológicos é um facto contemplado no relatório elaborado pelo World Economic Forum (WEF).
Outro dos riscos inventariados neste relatório como crescente é o envelhecimento da população e o aumento da esperança de vida e, consequentemente, do número de afectados por doenças crónicas. Estes factores acarretam um aumento dos custos mundiais com saúde, situação difícil devido à depauperação das economias mundiais e dos sistemas de apoio à doença. Prevê-se também que a fome venha a afectar cada vez mais pessoas em 2010, quer devido a questões ambientais, quer sobretudo à volatilidade do preço dos bens alimentares.
Está previsto um aumento do crime a nível mundial, sobretudo a nível transnacional, como corrupção, crimes ambientais e terrorismo, um dos pontos que mais preocupa os especialistas. O aumento do risco de ocorrência de episódios terroristas traz também associados o acréscimo de medidas de segurança e de custos associados para sectores já fragilizados pela volatilidade dos preços do petróleo, como a aviação. Existe ainda uma tendência crescente de riscos associados à cyber-vulnerabilidade, que pode originar a falência de sistemas de governance, segurança bancária e financeira. A volatilidade do dólar é um dos factores associados aos principais riscos para 2010, por agravar a crise numa das economias-chave mundiais e que tem repercussões a nível mundial.
Embora Portugal não seja referido exaustivamente no relatório, o país “não está a salvo de nenhum dos riscos apontados”, diz José Pirra Alves, CEO da Marsh em Portugal. “Aliás, Portugal já está a sofrer as consequências de grande parte deles. Basta olhar para a realidade actual: a taxa de desemprego atinge máximos, a desertificação aumenta, o custo com energia e combustíveis afectou irremediavelmente as empresas portuguesas e a Segurança Social não pode encarar com optimismo o futuro. Quanto a desastres naturais, é cada vez mais frequente a ocorrência de tornados e inundações, para além da probabilidade elevadíssima de fenómenos sísmicos”.
Apesar do cenário complexo, o relatório conclui que o impacto da crise financeira e da recessão que se seguiu foi um momento oportuno para cooperar e desenvolver estratégias mais eficazes de governação global, e construir uma vontade política de enfrentar os riscos globais. O relatório sugere que, para melhorar a coordenação e a supervisão, é necessária uma revisão dos valores e dos comportamentos por parte dos decisores.