O pânico é total

É verdade, meu caríssimo leitor, o pânico é hoje total na farsa que se diz ainda socialista, e por onde se movem José Lello, Mário Soares, João Soares, Vitalino Canas, Vital Moreira, e mais cerca de uma dúzia de personalidades proeminentes do partido que hoje suporta o Governo de José Sócrates.

Se quisermos ser objetivos, nada nos indica que tais personalidades não prefiram Aníbal Cavaco Silva ao histórico socialista. E quem sabe mesmo se não viremos por aí a assistir a uma tomada de posição pública nesse sentido por alguém que possa imaginar-se já da mortelibertado...?

Desde sempre estes ditos socialistas se apresentaram como fazendo parte de um partido pluralista, assim se dando a compreender as sucessivas tomadas de posição de Manuel Alegre, plenas de razão, em matérias absolutamente essenciais para a liberdade dos portugueses e para a sua dignidade.

De resto, sempre também perseveraram em referir que a eleição presidencial se desenvolve em torno de personalidades e não de partidos, pelo que se Manuel Alegre se determinou agora a anunciar a sua disponibilidade para ser candidato, pois, esse é um problema seu e não de Cavaco Silva, ou de Mário Soares, ou de qualquer partido. Cada um, como sempre referiu José Sócrates, e muito bem, pedala a sua bicicleta.

Não deixa, contudo, de ser fantasticamente risível que Correia de Campos, sem a coragem de apoiar publicamente Aníbal Cavaco Silva de um modo aberto, o tenha feito propondo Jaime Gama, personalidade que nunca ganhou uma qualquer candidatura contra uma personalidade singular, porque simplesmente não possui carisma. Uma coisa é ter qualidades, outra tê-las e ter também carisma.

Mas há uma diferença entre José Lello, Mário Soares e João Soares. O primeiro declara que não votará em Manuel Alegre, mas não diz em que votará. O segundo não se pronuncia, mas refugia-se na posição já assumida por Cavaco Silva. E o terceiro, que já declarou que não votará no atual Presidente da República, mas numa atitude em que a generalidade dos portugueses com quem convivo e estão atentos não acredita.

Ao mesmo tempo, o Presidente Cavaco Silva, depois daquele célebre artigo sobre a boa e a má moeda, que foi a alavanca que potenciou, aos olhos dos portugueses, as condições para a demissão do Governo de Pedro Santana Lopes, determinou-se a praticar um ato que se tornou tradicional na nossa República, mas, como já é seu hábito, num muito inoportuno tempo de intervenção política. Nada podia ser pior para se poder ver como a ação política do Presidente Cavaco Silva se liga à do seu órfão partido.

Por fim, duas realidades. Por um lado, se o problema português fosse só económico, bom, Cavaco Silva talvez até o tivesse ajudado a resolver. A verdade, porém, é que por detrás desse problema há um outro, que se liga à alma lusitana, e que se desenvolve numa área para que o atual Presidente da República não tem as condições de um homem da cultura, como se dá com Manuel Alegre. Por outro, o inacreditável artigo de Fernando Lima no Expresso, que mostrou esta realidade muito simples: o seu autor já não consegue compreender que a opinião dos portugueses sobre o que se passou é definitiva. E que quanto mais se escrever no sentido que agora se pôde ver, pois, tanto pior.

Sabe o que lhe digo, caro leitor, o pânico em torno da candidatura de Manuel Alegre é total!

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