Brilhantismo, competência e êxito

|Hélio Bernardo Lopes|
A entrevista concedida na passada terça-feira à RTP 3 pelo coronel tirocinado, José Manuel Duarte Costa, mostrou-se repleta de brilhantismo, traduzindo grande competência nas suas funções e mostrando o grande êxito que vem comportando a presente campanha de combate aos fogos florestais. 

Mas foi, como explicarei, uma entrevista algo inoportuna, dado o modo invejoso de ser de boa parte dos fanáticos da Direita portuguesa – gente desconhecida mas fundamentalista, como o arganaça há dias por mim referido num outro escrito.

Foi uma entrevista muito brilhante, porque o coronel tirocinado, José Manuel Duarte Costa, usou da palavra com dominância profunda da mesma e das ideias e factos por si veiculados. E nunca seria difícil conseguir tal desiderato, dado estar ciente da qualidade e profundidade das mudanças operadas ao nível da Autoridade Nacional de Proteção Civil desde os fogos do outono de 2017.

De igual modo, o coronel tirocinado mostrou nesta entrevista uma elevada competência ao nível das funções que hoje desempenha na instituição de que é comandante nacional operacional. Percebeu-se facilmente que José Manuel Duarte Costa domina perfeitamente o conjunto global de meios que se encontram sob sua coordenação. Meios humanos e materiais, tendo uma noção muito bem desenvolvida sobre o modo de utilizar esses meios, naturalmente sempre escassos, nas condições de múltipla solicitação, invariavelmente inesperadas e aleatórias.

E conseguiu-se, por via desta sua presença no 360, com Ana Lourenço, mostrar o que tem sido o êxito, até ao presente momento, desta intervenção da Autoridade Nacional de Proteção Civil. De resto, foi interessante ter ontem podido escutar uma pergunta de Judite de Sousa a uma sua colega da Guarda, logo colocando, em primeiro lugar, esta questão: há vítimas humanas? O que mostra, afinal, como tinha razão o Primeiro-Ministro, António Costa, ao considerar como vitória a ausência de mortes no incêndio de Monchique.

Foi igualmente interessante ter podido escutar de José Manuel Duarte Costa o facto de se mostrar estranho o início do incêndio de Monchique, estando o levantamento desta indeterminação a cargo da Polícia Judiciária. E, de facto, tendo presente o que deverá ter causado os terríveis incêndios do ano anterior, tudo pode acontecer quando o desespero se apossa de certa gentalha incapaz de reconhecer o imperativo de defender a dignidade humana.

Do mesmo modo, e tal como escrevi num outro texto, o coronel tirocinado também abordou nesta sua entrevista o fantástico corrupio televisivo de ditos experts em combate ao fogo florestal. Até Jaime Marta Soares – quem diria?! – teve a oportunidade de referir isto mesmo em dia anterior. Infelizmente, esta entrevista também se mostrou um pouco inoportuna, porque acabou por enraivecer os tais que no passado ano, perante a cabal ausência de horizontes, se viram na necessidade de usar os fogos florestais como meio para pôr em causa a governação. Custa-me acreditar que o incêndio do triângulo Benespera – não se lê Benéspera –, Bendada, Maçainhas, que logo surgiu no dia seguinte à entrevista, tenha sido meramente aleatório. Talvez tenham sido as tais descargas elétricas naturais referidas. Ou não?...

Um dado é certo: José Manuel Duarte Costa, coronel tirocinado do nosso Exército, merece ser considerado um oficial de elite, tal como António de Spínola na Guiné exarou em despacho sobre Alpoim Calvão. Temos todas as razões para estar felizes neste verão ainda mais quente que o do ano anterior.

Por fim, cá ficamos agora à espera das respostas do Ministério Público ao redor do que nos foi dado ver na excelente reportagem de Ana Leal, na TVI. Um dado é certo: com as mil e uma facilidades pedidas, mesmo exigidas, por mil e um em nome do infortúnio, teria sempre de ser este o resultado. Aliás, logo na noite dos primeiros incêndios o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, em clara atitude populista, dizia estar preparado para que as casas destruídas pudessem estar já prontas no... Natal!! O que agora pôde ver-se é mais uma materialização da mentirosa doutrina da Direita de que é essencial menos Estado para melhor estado. Ficamos à espera de respostas do Ministério Público, ainda com Joana Marques Vidal à sua frente.

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