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|Hélio Bernardo Lopes| |
Sem estranheza, o que sobreveio, um pouco por todo o mundo, foi o silêncio. Desde logo, o silêncio dos Estados Unidos, que até apoiaram a iniciativa sem reservas nem tergiversações. De um modo objetivo, o estado a que se chegou no conflito entre israelitas e palestinianos só foi possível por via do incondicional apoio dos Estados Unidos a todo o tipo de desmandos e crimes praticados por Israel.
De um modo concomitante, também a União Europeia, como a esmagadora maioria dos seus Estados, se manteve (quase) silenciosa. Tudo o que fez materializou-se em espasmos que talvez nem tenham sido percecionados pelas autoridades israelitas, e muito menos pela generalidade da sua população.
Também sem estranheza, o quase silêncio da Igreja Católica Romana e de Francisco, tudo mostrando a guerra religiosa hoje realmente em curso, onde o alvo central do Ocidente são os povos onde o Islão é a religião predominante, porventura única. E a razão é simples: estes povos multiplicam-se a uma cadência muito superior aos dos Estados onde estão presentes as religiões de origem cristã. A guerra religiosa, como creio há muito, deverá ser hoje a mais central e cimeira de todo o ambiente de guerra que está a varrer o mundo.
Por fim, a miséria moral da grande comunicação social na generalidade do Ocidente, que se limita a noticiar, por segundos, um facto da maior gravidade no mundo: a criação de um regime constitucional suportado num apartheid de natureza étnica e religiosa. Infelizmente, a grande comunicação social dos nossos dias vive apenas da noticiazinha podre e sem valor substantivo, acantonada como se deixou ficar ao serviço dos grandes interesses internacionais. Até simplesmente nacionais.
Terá o leitor reparado que não referi o idêntico silêncio das Nações Unidas, bem como as quase inaudíveis palavras de António Guterres. Pois, a razão é simples: nada de quanto daqui possa vir poderá ter importância e real repercussão em favor dos povos oprimidos. Um cabalíssimo bluff.