É uma vergonha

|Hélio Bernardo Lopes|
A passagem pelo poder, em Portugal, da anterior Maioria-Governo-Presidente gerou nos portugueses uma naturalíssima revolta, mormente perante o regresso da necessidade da emigração. 

Já não a histórica emigração dos anos 60, mas a de técnicos com qualificação superior, recebidos de braços abertos pelos Estados cimeiros da União Europeia, como a Alemanha e o Reino Unido. Entre muitos outros, claro está.

Com a chegada do Governo de António Costa ao poder gerou-se a crença, que se materializou de um modo convincente, de que a política da anterior governação iria ser invertida. E, de facto, isto mesmo teve uma amplíssima materialização. Os portugueses, de um modo imensamente geral, ficaram satisfeitos com a mudança. E tal satisfação derivou das novas condições criadas, que impediram a continuação do êxodo de portugueses, já com preparação superior, a caminho de um exílio forçado, a fim de procurarem sobreviver por outras paragens. Infelizmente, em certos setores está a parar, mesmo a regredir, esta esperança que nos chegou com o Governo de António Costa.

Ora, um desses setores – e quão fundamental ele é para a esmagadora maioria dos portugueses...– é o da Saúde. Noticia-se hoje, creio que no DN, que o Azerbaijão é o novo destino para os médicos portugueses. Um hospital de Baku, há mui pouco inaugurado, pretenderá recrutar especialistas portugueses para cerca de uma dezena de domínios médicos. E por igual se noticia que os assim recrutados poderão vir a ser remunerados em condições muito próximas dos mais altos valores praticados em Estados muitos ricos do mundo. É muito doloroso constatar que o Governo de António Costa, que tanta esperança concitou junto dos portugueses, venha a ficar na História da III República como o coveiro do nosso Serviço Nacional de Saúde, mormente por via da inoperância política, plena e indubitável, do Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. Se é verdade que não foi o PS que criou o Serviço Nacional de Saúde, sim António Arnaut, parece ser cada dia mais certo que a respetiva extinção, tão sonhada desde sempre pela Direita, irá ser realizada pelo PS.

Esta é a triste realidade do setor da Saúde. Simplesmente, também no da Educação as coisas estão a passar de um ótimo que se conseguiu com Tiago Brandão Rodrigues e Alexandra Leitão, para uma nova guerra, também aqui surgida numa governação PS.

Custa compreender como é possível que o Governo de António Costa se mostre completamente inoperante em encontrar um mecanismo de convergência assintótica para dar corpo às mais que justas pretensões dos professores. Tão justas como quanto possa derivar da aplicação das normas de um Estado de Direito Democrático e Social, como no-lo disse o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa logo no seu discurso de tomada de posse.

Ao mesmo tempo, surgiu-nos o líder da FENPROF a expor esta imperativa realidade: os montantes expostos na Assembleia da República pelo Primeiro-Ministro, António Costa, estão errados. A uma primeira vista, poderão surgir dúvidas: afinal, quem tem razão? Um dado, porém, é certo: não passa pela cabeça de ninguém que Mário Nogueira fosse assim dizer o que logo se provaria estar errado! Nem a FENPROF, nem a INTERSINDICAL, nem o PCP atuam deste modo: quando fazem uma afirmação qualificada sabem, com elevada garantia, o valor de verdade da mesma.

Por fim, as intervenções de ontem de João Galamba e de Pedro Silva Pereira, em dois programas de que fazem parte. Ora, se de João Galamba ainda se pôde encontrar algum poder de cintura na argumentação que usou com Adolfo Mesquita Nunes, já a intervenção do segundo se mostrou extremamente dolorosa de acompanhar, completamente incapaz de defender, adequadamente e com segurança íntima, as infelicíssimas posições do Governo do PS. Nenhuma democracia pode subsistir e virtualizar-se com intervenções defensivas impossíveis com a de Pedro Silva Pereira na PROVA DOS NOVE desta quinta-feira. E, note-se, bem se podia juntar àquele par de militantes do PS a intervenção de Jorge Coelho na QUADRATURA DO CÍRCULO. O que está a passar-se na Saúde e na Educação é uma vergonha!

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