O verão quente que se aproxima

|Hélio Bernardo Lopes|
Como teria de dar-se com a nossa mui fraca grande comunicação social, de pronto começaram a surgir ensaios para todos os gostos ao redor da recente entrevista do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ao Público e à Renascença. Teria de ser assim, uma vez que esta vive, muito acima de tudo, do jogo político que se vai desenrolando no seio da nossa comunidade. Até do mundo.

Em primeiro lugar, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa sabe muitíssimo bem que é muito elevada a probabilidade de virem a ter lugar neste verão que se aproxima novas catástrofes como a do ano de 2017, certamente com a exceção das mortes a esmo que tiveram lugar naquele ano. O próprio Primeiro-Ministro, António Costa, já havia assegurado que tal seria uma realidade própria do estado do tempo a que se chegou, fruto das alterações climáticas que já quase ninguém recusa estarem a ter lugar de um modo acelerado.

Em segundo lugar, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa assumiu a atitude lógica e politicamente honesta que de um Presidente da República sempre teria de esperar-se: não demitirá o atual Governo se houver nova catástrofe. Uma atitude que resulta, como facilmente se percebe, de duas razões: o Governo tem feito o que lhe foi exigido em face do que pôde ver-se e perceber-se na época quente do passado ano e porque é aos eleitores que cabe decidir sobre o valor da governação.

Em terceiro lugar, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, sempre aparentando um ar de felicidade e de inquebrantável energia, que o leva a ir a todas, não foge à universal regra do efeito da passagem dos anos e dos esforços exercidos sobre a sua estrutura física global. Quanto a mim já de um modo visível, o Presidente da República mostra traços de cansaço, projetados, sobretudo, ao nível da sua estrutura fisionómica.

Em quarto lugar, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa teve já a oportunidade de desenvolver um amplíssimo papel ao serviço de Portugal e dos portugueses, por acaso pautado por uma marca extremamente singular. Por todo o País e mesmo no mundo, muito em especial junto das estruturas, nacionais ou outras, com ligações profundas a Portugal.

E, em quinto lugar, é natural que se determine a não voltar a candidatar-se a um segundo mandato. Um dado, sim, é certo: o tempo quente que se aproxima trará de novo os expectáveis e naturais incêndios, tal como muitíssimo bem referiu o Primeiro-Ministro António Costa. O facto do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa se determinar, nestas circunstâncias, a não se voltar a candidatar nada terá que ver com o Governo, ou com qualquer responsabilidade sua em tais acontecimentos. Com António Costa à frente do Governo, ou com Marcelo ou Cavaco, o resultado seria o mesmo. E, em boa verdade, com ou sem incêndios, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa já realizou imensamente mais ao serviço de Portugal e dos portugueses do que alguma vez se imaginou. E não faltarão candidatos ao lugar.

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