Movimento de Vila Real luta pela preservação de edifício de Nadir Afonso. BE interroga o Governo

É uma antiga panificadora, hoje um edifício em decadência, mas possui um importante valor patrimonial por ser um imóvel emblemático da cidade de Vila Real e um importante exemplar da fase final do Movimento Moderno Português e também um dos raríssimos exemplares arquitetónicos saídos das mãos de um dos maiores nomes do panorama artístico do séc. XX: Nadir Afonso.

Edifício da antiga panificadora de Vila Real. Projeto de Nadir afonso

Sabemos que Nadir Afonso eternizou o seu nome através da pintura, tendo sido um dos pioneiros da arte cinética e um importante autor da teoria estética, autor de vários livros em que defende a arte puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática. Mas a sua formação de base era em arquitetura, tendo trabalhado com nomes como Le Corbusier, Óscar Niemeyer, Georges Candilis, Alex Josic, Shadrach Woods e Carlos de Almeida. Na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, a panificadora é uma das suas obras arquitetónicas mais emblemáticas, sendo hoje um edifício abandonado e objeto de acções de demolições, nomeadamente da fachada e da cobertura.

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O abandono e avançado estado de degradação da panificadora tem suscitado indignação e ação por parte de um grupo de ativistas de Vila Real. Há mais de um ano foi lançada a petição "Vamos salvar o edifício da Panreal - projeto Nadir Afonso” dirigida ao Presidente da Câmara Municipal de Vila Real, tendo também sido elaborada uma proposta para a classificação do edifício como imóvel de interesse público.

Essa proposta de classificação foi agora arquivada pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), o que levou ao recrudescimento de um movimento (Movimento Pro Nadir afonso) que luta para salvar o edifício de uma futura destruição.

A DGPC considera que o arquivamento do processo de classificação se deve às demolições ocorridas, defendendo que o edifício já não reúne as características para uma classificação. A DGPC evoca também a oposição à classificação, tanto por parte do seu proprietário como da Câmara Municipal de Vila Real.

Esta questão suscitou já uma pergunta formal do Bloco de Esquerda ao Governo e o Movimento Pro Nadir Afonso realizou recentemente na UTAD um evento pela defesa da preservação desta obra do pintor e arquiteto.

O BE pretende saber se o Governo tem conhecimento do parecer da DRCN acerca desta classificação e pergunta mesmo se “não receia que o arquivamento deste processo incentive a má conduta e destruição de património por parte de quem, tendo outros interesses, o não queiram preservar”.

Por outro lado, o BE quer ainda ver confirmado por parte do Governo se é verdadeiro poder concluir-se que “uma das razões para a não classificação do edifício como de interesse público se prende com o facto da Câmara Municipal de Vila Real não ser favorável a essa classificação”.