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|Hélio Bernardo Lopes| |
Como seria de esperar, para lá de mais uma tomada de posição do Secretário-Geral das Nações Unidas, como por igual do seu Conselho de Segurança, o que está a passar-se no Brasil e na Palestina são bem a demonstração de como é hoje possível instituir uma ditadura anestesiante, ou de como pode um Estado continuar a violar as determinações das Nações Unidas desde há muitas décadas – desde a função da instituição –, sem que ninguém ponha um fim na imensa sucessão de atropelos de todo o tipo por parte desse Estado, ou seja, de Israel.
Mas se as Nações Unidas nos mostram de novo a sua cabal ausência de importância, também a União Europeia, tal como cada um dos seus Estados, se mostra silencioso e, por aí, continuando a sua cumplicidade com os mais diversos crimes ou violações das leis internacionais. Objetivamente, pedir uma análise transparente e independente a Israel sobre o mais recente crime das suas forças militares constitui-se num modo dissimulado de apoiar o que se passou e vai continuar a passar.
Imagine agora o leitor que uma tal realidade tivesse tido lugar, por exemplo, na Rússia de Vladimir Putin. Bom, caro leitor imagina-se a barulheira de cada um dos atores internacionais, tal como da grande comunicação social internacional. E já reparou que os nossos jornalistas, neste caso, não se determinam a perguntar ao Governo de António Costa, nem à nossa oposição, se condena, ou não, mais este crime praticado pelas tropas de Israel? E que tal os nossos comentadores? Que é feito da sua tão célere condenação do que nem sequer sabem se foi como no-lo pintou o Reino Unido, ao redor do que se diz ter tido lugar com o traidor e duplo Sergei Skripal.
Constitui uma vergonha que se possa continuar a contemporizar com os crimes praticados por Israel contra os palestinianos, logo a começar pelo cabalíssimo desprezo pelo direito dos palestinianos a verem observadas as disposições assumidas pelas Nações Unidas desde o dia da sua entrada em funções. Como se vê, o Direito Internacional Público só serve a quem tem força, porque se num ápice nos surgiram os protestos ao redor de um caso sem provas, como o de Skripal – um caso que só é estranho para cobardes...–, neste dos crimes de Israel tudo é claro: o Ocidente cristão marginaliza completamente os palestinianos – seguem o Islão –, colocando-se sempre e incondicionalmente ao lado de Israel – a religião predominante é de base cristã. Graças ao silêncio cúmplice dos Estados do Ocidente, a guerra religiosa prossegue o seu caminho. E o mesmo se dá com a presença de Temer no poder, em tudo similar ao modo como Poroshenko conseguiu liderar a Ucrânia. Nestes casos o Ocidente compreende as situações (internas), mas já tem dificuldade em perceber o caso da Venezuela. É das lentes dos óculos.