A ilustração científica como expressão visual da comunicação para a ciência

A ilustração científica corresponde à componente visual da comunicação para a ciência. Essencialmente é constituída pela produção de imagens, desde a sua concepção à sua publicação, para comunicar ciência nas mais variadas áreas, como por exemplo a biologia, geologia, arqueologia e a medicina. Estas publicações podem ser livros de texto, manuais escolares, guias de campo, revistas de divulgação científica, materiais de divulgação de jardins, museus, entre muitas outras. 

Imagem dedivulgação. Créditos de Lúcia Antunes
A Ilustração científica como a compreendemos hoje em dia existe desde que os primeiros exploradores procuraram registar as suas descobertas. Vários tinham alma de artista e desenhavam os seus achados, ou delegavam a gravadores a tarefa de materializar as suas descrições. Na sua essência nasceu no Renascimento, com o objectivo de acompanhar os desenvolvimentos científicos, com artistas como Leonardo da Vinci e Albrecht Dürer. Nos séculos XVII e XVIII teve um grande desenvolvimento, com a corrida às classificações e descrições de novas espécies que eram descobertas tanto na velha Europa como nos restantes mundos que se lhe revelavam.

É um universo onde se juntam profissionais com interesses transversais; biólogos que gostam de desenhar e artistas apaixonados pela ciência. Mais importante do que a capacidade de desenhar, é saber observar, ter perseverança e ter a capacidade de compreender o que se observa e passar essa informação para o desenho. Na ilustração científica não há espaço para a ambiguidade, trata-se de divulgação e há que fazê-lo de forma rigorosa. Uma boa ilustração científica é aquela que consegue aliar o rigor científico à beleza do desenho, ou manter um equilíbrio entre estas duas vertentes.

Numa ilustração científica não se procura uma representação do indivíduo, seja planta ou animal, o seu objectivo é uma representação ideal da espécie, ou seja, um indivíduo que comporte em si as características representativas que definem essa espécie. Revela detalhes que não se destacam numa fotografia e dá enfâse a pormenores que se pretendem evidenciar. Através do desenho é possível observar melhor, entender melhor, registar e comunicar factos e conceitos de ciência. Permite que a ciência chegue, em imagens, não só a especialistas, mas também ao grande público. Cada ilustração científica conta uma história, destacando e explicando visualmente aspectos particulares de morfologia, estruturas, organizações e relações de várias ordens.

Trata-se de uma arte ao serviço da ciência cujo objectivo é o de divulgar, consciencializar, identificar espécies e mostrar o quão magnifico é o mundo natural. Esta necessidade de desenhar a natureza, mais do que um exercício de beleza estética, tem a finalidade de ensinar e divulgar, usando uma linguagem técnica própria da arte para comunicar temas científicos. Qualquer ilustração deve começar por um exaustivo processo de procura de referências – de preferência fornecidas por especialistas – de estudos e de medições. Só depois deste trabalho preliminar é que se passa à peça final. O processo inicial é, muitas vezes, tanto ou mais demorado do que a realização da peça final, ou seja, na elaboração da peça final já não devem restar dúvidas sobre nenhuma das componentes da ilustração, trata-se já de uma efectivação.

A fotografia, os computadores e as novas tecnologia, não substituem a ilustração, pelo contrário, correspondem a um aumento de possibilidades e de ferramentas de trabalho para o desenvolvimento de uma ilustração. Tradicionalmente a ilustração científica faz uso de técnicas como tinta-da-china, grafite, aguarela, lápis de cor ou a combinação de várias delas, e hoje produzem-se ilustrações recorrendo totalmente a meios digitais, mas apesar de algumas técnicas se adequarem melhor a certos temas, é a metodologia seguida e o rigor obtido que são importantes, ontem, hoje e amanhã.

Lúcia Antunes
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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