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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Neste contexto do dia-a-dia da vida política da nossa oposição os casos dos mais recentes incêndios florestais, que também já atingiram perímetros urbanos, tornaram-se num alfobre ferozmente explorado pelos partidos da oposição de Direita, também agarrados agora, com unhas e dentes, à mais breve palavra do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Infelizmente, e como facilmente se poderia prever, o Presidente da República anda muito longe de evitar este tipo de aproveitamentos político-partidários.
Acontece que Portugal e os portugueses não vivem isolados neste mundo terreno. Diariamente, até por vezes diversas, chegam-nos notícias dos mais diversos lugares do mundo. Um desses lugares, no presente momento – é a repetição de acontecimentos com um ou dois meses –, é a Califórnia. Desta vez, a Califórnia surge-nos por via dos incêndios...florestais. E, ao que se vai noticiando, o fogo parece estar a chegar, perigosamente, ao perímetro urbano de Los Angeles. Tudo isto ao mesmo que os bombeiros se queixam da falta de meios aéreos e da velocidade e das rajadas do vento. É caso para que nos interroguemos: onde é que nós já vimos isto?...
Em contrapartida, este caso mostra uma importante diferença em relação com ao caso dos nossos incêndios recentes: não existem comissões de inquérito, nem académicos dando palpites sobre tudo e umas botas mais, e muito menos governantes a serem mudados como consequência de um fenómeno recorrente e desde há muito. Como em Portugal.
Sendo a realidade global destes fogos californianos distante da nossa recente, a verdade é que se vive ali uma autêntica calamidade em cidades diversas, com centenas de milhares de pessoas a terem de deixar as suas casas. As imagens mostram, de um modo indubitável, a relação David-Golias que opõe o fogo aos que o querem fazer parar. E, com Trump ou com Obama, é completamente inimaginável vê-los andar pelos centros de comando e controlo a acompanhar tudo o que se passa, muito menos enviando recados políticos para o Governador ou para os restantes eleitos na Califórnia.
Será um passo de gigante se o PPD/PSD e o CDS/PP se determinarem a ver a diferença entre este caso o que se vem traduzindo no seu comportamento político de oportunidade. E já agora, tendo presente que o tenente-general Mourato Nunes é alguém com todas as qualidades para presidir à Autoridade Nacional de Proteção Civil, não seria um excelente ideia complementar esta situação com a nomeação do prestigiado académico, Domingos Xavier Viegas, para novo comandante nacional operacional daquela autoridade? O que pensa o leitor?