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|Hélio Bernardo Lopes| |
Depois da prática populista dos afetos, de pronto apresentada pelos comentadores televisivos como destinada a alargar a sua base de apoio, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, quase sem apoiar os êxitos da atual governação, a cada momento critica, mais ou menos veladamente, a ação do mesmo. Desta vez coube a sorte ao diploma da ajuda aos que se viram atingidos pela má sorte da vida.
Como pude já escrever, o Presidente da República até chegou a fixar o Natal, em plena via pública, como data limite para a reconstrução das casas ardidas nos três primeiros concelhos atingidos. Mas logo ali se deu conta de que construir um edifício, mesmo pequeno, requer um tempo que não se compadece com a prática populista dos afetos.
Bom, o tempo continuou a correr, e a chuva quase não voltou. De molde que me surgiu a ideia de que, também aqui, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa nos iria prendar com uma das suas infindas ideias, a fim de se conseguir o que todos parecem desconhecer, mostrando-se mesmo incapazes de resolver este terrível problema. E foi o que esperei do Presidente quando o vi na barragem de Fagilde: aí vem uma das soluções dele... Debalde. Afinal, limitou-se a repetir o que acabara de ouvir, mas não marcando data alguma. E, de facto, também da primeira vez marcara o Natal, mas logo percebeu que construir edifícios tem o seu quê, não se limitando a escrever doutrinas sem aplicação nem realidade.
Percebe-se hoje, já sem Pedro Passos Coelho na liderança do PPD/PSD e depois do almoço com Pedro Santana Lopes, que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa se vem transformando numa espécie de grão poliédrico a dificultar o avanço da engrenagem da governação. Com Pedro Santana Lopes à vista, vem-se reforçando a erradíssima ideia dos pactos de regime, sem que o PS saia a terreiro, mostrando que tal ideia é incompatível com a prática democrática.
E muito menos explicando que os tais pactos que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa defende, pelo lado do CDS/PP e do PPD/PSD – a Direita neoliberal de Portugal – se reduzem, em última análise, a pôr um fim na Constituição da República, no Sistema Político e no Estado Social. Que tudo isto é assim, bom, conhece o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa muitíssimo bem, mas a verdade é que os seus pontos de vista políticos são os do PPD/PSD.
Se tais pactos de regime fossem operados, num ápice, um novo Governo da Direita voltaria aa fazer o que fez a anterior Maioria-Governo-Presidente. E cuidado com as cheias, ou com minitornados, ou outras intempéries, porque logo surgirá nos televisores o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a pedir ao Governo o que CDS/PP e PSD nunca fizeram. Mesmo, até, o impossível, como se viu com aquela sua ideia de tudo estar pronto até ao Natal, embora não tenha indicado a solução para a falta de chuva.
Infelizmente, o papel do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, em boa e evidente verdade, está-se a transformar num papel absolutamente nefando, sempre criticando a ação do Governo e, certamente por acaso, sempre aí apoiado pelo PPD/PSD e pelo CDS/PP. E o leitor: encontra neste comportamento político de Marcelo Rebelo de Sousa uma qualquer consonância político-partidária com a Direita de hoje – CDS/PP e PPD/PSD –, ou não?