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|Hélio Bernardo Lopes| |
Apesar de tudo, os portugueses têm boa memória, recordando bem o que passaram com a anterior Maioria-Governo-Presidente e mostrando possuir a perceção do que sucederia, com Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, se Pedro Santana Lopes ou Rio Rio viessem a liderar um novo Governo.
Tornando-se já claro que o binómio Marcelo-Costa irá adquirir as mesmas caraterísticas das de Cavaco-Sócrates, percebe-se que os recentes incêndios serviram, e da melhor forma, os interesses dos que desejam, a todo o custo, deitar o atual Governo por terra. O mais recente caso da Legionalla veio dar uma ajudinha aos objetivos dos interessados em causa. E logo ontem, o incêndio de Santa Maria, para lá da iniciativa do Ministério Público, ao redor dos corpos das duas vítimas da Legionella. Culpado? Ah, o Governo, claro está... É o que logo nos surge pela boca da grande comunicação social, mormente a televiisiva.
Por tudo isto, a noite de ontem foi simplesmente fantástica. Procurando a SIC Notícias, lá nos foi dado ver quatro cavaleiros do nosso apocalipse: João Salgueiro, Luís Campos e Cunha, João Duque e...José Gomes Ferreira. Bom, mudei de canal, como seria lógico. Virei-me para a TVI 24 e lá se encontraram quatro concidadãos, sempre com o discurso de que se um dizia mata, de pronto os outros diziam para esfolar. Infelizmente, Diana Soller viu-se quase impedida de falar, quase sempre interrompida por Ricardo Monteiro, incluindo ao final, onde nem pôde defender-se, sendo que Ricardo não tinha ali um ínfimo de razão.
Olhei a RTP 3, e lá fui encontrar Diogo Freitas do Amaaral – primeiro – e António Lobo Antunes – pelo final. Acompanhei ambas as entrevistas, sendo que valeu incomensuravelmente mais a do segundo que a outra. Ainda assim, acompanhei com atenção sorridente a entrevista de Freitas do Amaral, percebendo que a mesma só marginalmente teria que ver com o livro seu ora dado à estampa. Ele mesmo refriu que o livro não tem contributos novos, antes uma nova apreciação de fases diversas da História de Portugal. Simplesmente, se o que no livro se contém tivesse sido escrito por mim, bom, ninguém o publicaria. Será, quase com toda a certeza, uma obra sem real interesse, apenas uma espécie de achismo no domínio em causa.
A entrevista, como teria de dar-se, só teve interesse na parte relativa ao País e à ação do Governo. E, como logo imaginei, tudo está agora mal, embora desconheça a realidade de muitas coisas. Assim, por exemplo, Diogo Freitas do Amaral nada sabe sogre a Legionella no mundo. Não sabe nem se informou, para o que bastaria um telefonema para alguém amigo e conhecedor do tema. De molde que deixo ao leitor este encargo: consulte a Wikipédia e informe-se sobre a Legionella, dando também uma vista de olhos à Organização Mundial de Saúude, enviando para Diogo Freitas do Amaral, através da RTP 3, o que vier a descobrir. E é muito simples.
Depois, a perda de confiança nas instituições, incluindo o Ministério Público. Bom, temos pena, mas a verdade objetiva é que nenhum português, incluindo Diogo Freitas do Amaral, deixará de chamar os bombeiros se precisar. Nem de recorrer aos hospitais. De resto, António Lobo antunes contou-nos depois que teve um irmão que morreu de meningite e que ele mesmo, com sete meses, também se viu atingido por tão terrível maleita. Porém, com um pai médico, nunca deixaram de recorrer aos hospitais. É sempre assim em ttodo o mundo.
Ao mesmo tempo, colocou uma série de perguntas sem nexo – ele sabe bem que é esta a realidade –, dado que as mesmas, ou já foram respondidas, ou se constituem em problemas mal formulados. E quanto à má coordenação dos ministros do Governo, ou às suas incongruências públicas conjuntas, elas simplesmente não existem. Existem problemas, mas não desse tipo.
Por fim, as suas considerações sobre Salazar e Marcelo Caetano, ao redor da defesa do Ultramar ou das mudanças que foram condicionadas por Américo Tomás. Quanto à posição de Salazar, ele não estava errado, mas tinha de alterar o modo de defender as antigas províncias ultramarinas, evitando a metodologia seguida, dado não ser já essencial. E quanto a Marcelo Caetano, bom, temos o que ele escreveu, já no Brasil. O grande problema de Marcelo foi não ser um político, apenas um académico. Entregar tudo, sem eira nem beira, era elementar. Difícil era resolver o problema com objetiva vantagem para todos. No fundo, Diogo Freitas do Amaral deverá ter ficado estupefacto com a resistência da Revolução Cubana, ou com a do Governo da Colômbia em face da ação das FARC. E tudo tendo terminado com um acordo histórico. Outra loiça, que rrequer muitíssimo mais que dizer coisas banais ou sem nexo.
De molde que terminei a noite com a entrevista, sempre engraçada, de António Lobo Antunes. E com o visionamento da de Mourinho Félix a Pedro Pinto e António Costa, na TVI 24. E foi interessante darmo-nos conta de que tudo, afinal, foi claro e compreendido. O problema resulta apenas da vontade política do Governo, da compreensão dos perigos em jogo por parte do Bloco de Esquerda, PCP e dos Verdes e da superior competência técnica e patriotismo de Mário Centeno, o tal de quem, em tempos, Manuela Ferreira Leite teceu as mais amplas loas. Veio, aliás, de Harvard e do Banco de Portugal. O resto são tretas. Em todo o caso, leitor, esteja atento ao que está a passar-se, mormente a novos incêndios, cheias, bactérias, vírus, etc....