As offshores e o Acordo de Paris

|Hélio Bernardo Lopes|
Como teria de vir a dar-se, a mais recente descoberta dos novos dados Paradise deixaram tudo na mesma. Sabia-se já que iria ser este o desfecho, porque o Ocidente capitalista, hoje completamente mergulhado no neoliberalismo e nos efeitos e potencialidades da globalização, acaba por viver da exploração de uma boa imensidão de povos, da destruição acelerada da própria Terra e de objetivas práticas criminosas.

Claro está que a generalidade dos povos do mundo, mesmo nos Estados mais desenvolvidos, não liga um ínfimo a estas revelações. Por um lado, porque, em última análise, não dá crédito à seriedade da vida política. E, por outro lado, porque o seu pensamento centra-se nos seus problemas imediatos. De resto, existe a clara perceção de que tais descobertas sempre teriam de saldar-se em nada.

Uma velha teoria, usada para justificar que tudo continue na mesma, suporta-se em dois pilares. Por um lado, o de que só pode avançar-se no combate à criminalidade centrada nas offshores se todos aderirem à lógica e honesta ideia de pôr um fim nas mesmas. Por outro lado, porque, só por si, as offshores são uma estrutura naturalíssima, como assim tentam vendê-las.

Em contrapartida, o Acordo de Paris sobre o Clima deixou de receber o apoio público do Presidente dos Estados Unidos. A verdade, porém, é que o resto do mundo continuou a defender o apoio antes dado. E o mesmo acabou por dar-se com muito senadores e governadores de Estados norte-americanos.

Se este tema fosse olhado à luz da anterior mentirosa teoria defensiva dos Estados que proibissem as offshores, todos os Estados do mundo lá continuariam a destruir a estrutura climática do Planeta, com todas as consequências que se conhecem à saciedade.

O que esta diferença mostra é que o argumento para não proibir as offshores é um falso argumento. Até porque uma coisa é proibir, outra nada realmente fazer, mesmo no plano cultural e escolar, usando até o enorme poder das televisões para ir indicando os erros e as consequências das offshores. Em contrapartida, os nossos canais televisivos limitam-se a dar o diz-tu-direi-eu entre Ana Gomes e Nuno Melo, no Parlamento Europeu, com tudo a ficar na mesma.

Bom, a vida lá vai continuando com tudo na mesma, embora a caminho de algo ainda muito pior. Objetivamente, está hoje a construir-se uma gigantesca ditadura mundial, sempre em nome de decisões ditas democráticas, que deverá vir a culminar na destruição da própria Terra.

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