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Quanto menos melhor |
Um novo estudo mostrou que o agente infecioso responsável pela malária, o parasita Plasmodium falciparum, consegue “sentir” e adaptar-se ativamente ao estado nutricional do seu hospedeiro. A equipa, liderada por Maria M. Mota, investigadora e Diretora do Instituto de Medicina Molecular (iMM Lisboa), descobriu que ratinhos que ingerem 30% menos calorias que os seus pares têm uma quantidade muito menor de parasitas no sangue (parasitemia).
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“Esta descoberta altera a nossa visão sobre a dinâmica de uma infeção de malária e pode revelar-se bastante relevante tendo em conta a alarmante tendência global de obesidade, inclusive em regiões endémicas de malária,” explicou Maria M. Mota.
Os resultados iniciais foram recebidos com alguma surpresa. “Durante vários meses fiquei bastante surpreendida com a velocidade com que estes parasitas se adaptam,” disse Liliana Mancio-Silva, a primeira autora do estudo. “Foi muito empolgante!”.
Existiam duas possibilidades para explicar esta observação surpreendente: ou o parasita adapta-se ativamente quando o seu hospedeiro ingere uma menor quantidade calórica, ou tem dificuldades em replicar-se devido ao facto de ter algum nutriente ou nutrientes em falha. A equipa ajustou o consumo de comida em ratinhos antes de os infetar com diferentes tipos de parasitas Plasmodium e observou que parasitas sem uma enzima específica, a enzima KIN, tinham uma resposta alterada face à falta de nutrientes e replicavam-se à mesma velocidade que outros parasitas independentemente da quantidade de comida ingerida pelos animais.
Estes resultados demonstram que a enzima KIN atua como um “sensor” de nutrientes e regula a capacidade dos parasitas responderem a alterações nutricionais, confirmando que o parasita da malária se adapta ativamente.
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Estes resultados também surpreenderam pelo facto da enzima KIN não apresentar muitas das características de outras moléculas que atuam como sensores de nutrientes e que são partilhadas entre leveduras, plantas e mamíferos. Como tal, estas descobertas são apenas a “ponta do iceberg”. Estudos focados na adaptação do parasita ao estado nutricional do hospedeiro são agora necessários para perceber como é que a enzima KIN é controlada e quais os mecanismos moleculares que atuam em paralelo com a mesma.
Este conhecimento poderá permitir aos investigadores desenvolver estratégias que “enganem” o parasita e ajudem a travar a sua replicação, tornando-o assim mais fácil de controlar.
Gabinete de Comunicação – Instituto de Medicina Molecular (iMM)
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva