A extrema direita à procura do seu espaço

|Hélio Bernardo Lopes|
Foi com imensa graça que escutei Pedro Tinoco de Faria na SIC Notícias, na noite de anteontem, mas também na de ontem, no mesmo canal televisivo, o coronel Vasco Lourenço.

E tudo, naturalmente, ao redor do inenarrável caso do material furtado de um dos paióis de Tancos, de pronto também aproveitado para tentar pôr em causa o atual Governo, bem como o que se projetou, no seio da sociedade portuguesa, a partir da Revolução de 25 de Abril. Um osso atravessado na garganta dos que não tiveram a coragem nem a capacidade de impedir aquele acontecimento histórico português.

Quanto à primeira entrevista, a mesma pouco teve de interesse, embora tenha sido muitíssimo engraçada. Da mesma, apenas três registos: a má qualidade de comentador de Miguel Sousa Tavares, por mim partilhada com amigos há anos; o facto de serem apenas três os militares que iriam depor as espadas; e a apregoada lealdade ao Presidente da República, quando a mesma o que faria era pressão sobre o Comandante Supremo das Forças Armadas Portuguesas.

Já quanto à segunda entrevista tudo foi diferente, embora com essa parte comum que se prende com Miguel Sousa Tavares. Infelizmente, os entrevistadores quase não deixaram Vasco Lourenço expor o seu pensamento ao redor do que bem poderá ter sido uma encenação com o caso de Tancos, aproveitado, de parceria com o incêndio de Pedrógão Grande, para começar a promover um desmantelamento do atual Governo e, por aí, da atual fórmula de Governo, nunca verdadeiramente digerida pelos diversos poderes presentes no seio da sociedade portuguesa.

A verdade é que as informações ontem fornecidas aos portugueses pelo general Artur Pina Monteiro vieram mostrar o pouquíssimo valor, a todos os níveis, do material furtado em Tancos. Um furto inaceitável, mas a anos-luz de quanto foi sendo dito pela nossa grande comunicação social, em especial a televisiva, que em tudo o que se passou colocou uma situação única em quase toda a Europa!!

Retira-se de tudo isto que, mesmo para lá de uma encenação organizada previamente, teve lugar um objetivo aproveitamente político-partidário deste caso, bem como o relativo aos grandes incêncios, tudo sempre suportado no nefando papel de boa parte da grande comunicação social. O que mostra que Vasco Lourenço poderá ter razão, mesmo que não tenha havido um planeamento da encenação, apenas criada na sequência do que possa ter estado em causa. Foi pena, pois, que não lhe tenha sido concedida a oportunidade de expor este seu modelo explicativo para quanto possa ter tido lugar.

No meio de tudo isto, as mais recentes sondagens, feitas já depois dos incêndios: o PS sobe, o PSD desce, Costa desce ligeiramente, mas na zona dos trinta, Passos Coelho desce ainda mais, só que na zona dos vinte. No entretanto, a tal boa parte da grande comunicação social que se conhece lá se entretém a desempenhar o seu papel. E por tudo isto eu continuo a dizer: temos a democracia, ao que parece agora com a nova tentativa de lançar um novo movimento político, na sequência do caso da espadas... É isso: temos a democracia!!

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN