Uma incógnita que persiste

|Hélio Bernardo Lopes|
Vão passando os dias, agora já mesmo as semanas, e lá vai crescendo o designado caso Selminho. E, de um modo que me causa algum espanto, não surge em funcionamento a tal comissão especial, de preferência liderada por um procurador especial – à semelhança norte-americana –, a fim de levantar a indeterminação que nasceu e se vem desenvolvendo de modo vertiginoso. Objetivamente, persiste a incógnita que foi colocada.

Este caso, de um modo que se não discute, apresenta três vertentes: o caso histórico em si; o modo como o mesmo se desenvolveu depois de Rui Moreira ter passado a ser o líder autárquico portuense; e o possível aproveitamento político que o caso possa estar agora a sofrer. Analisemos estas três vertentes.

Em primeiro lugar, o histórico deste caso. É estranho que se não proceda ao levantamento histórico de quanto possa ter-se passado, até por ser extremamente simples e rápido operar esse mesmo levantamento. Este primeiro passo, como se percebe, colocaria logo o que está em causa num ambiente de clareza decisória posterior. De molde que deixo esta pergunta: vai essa comissão de inquérito ser criada?

Em segundo lugar, a hipotética mudança de rumo no caso, depois de Rui Moreira ter passado a liderar a autarquia portuense. Bom, essa mesma comissão facilmente apuraria se tal mudança existiu, ou não. Ainda assim, mesmo que essa mudança tivesse tido lugar, tal não significa que Rui Moreira pudesse ter tido um ínfimo de interferência na mesma, porque se conhece bem o modo português de ser simpático para com quem está, mesmo que quem esteja nunca tenha mostrado um ínfimo de expectativa no caminho entretanto seguido.

E, em terceiro lugar, o aproveitamento político deste caso. Trata-se, porém, de algo natural, porque é sempre assim em todo o mundo onde funcionam sistemas políticos democráticos. Simplesmente, tudo isto cairia por terra se a tal comissão de inquérito atuasse e mostrasse o que realmente se passou ao longo dos anos. Objetivamente, não há outro caminho para se poder operar o levantamento desta indeterminação. Porque se essa comissão de inquérito não surgir e fizer o seu trabalho essencial, também subsistirá a dúvida sobre uma possível vitimização por parte de Rui Moreira.

Ainda hoje me causa espanto a cabalíssima falta de vontade na criação das condições que são essenciais ao esclarecimento deste tipo de dúvidas. Sem que se perceba, o que é simples e até poderá não ter um ínfimo de importância, torna-se em algo complicado e fruto de mil e um dizeres e desdizeres, ficando a generalidade dos cidadãos com a liberdade de falar de que desconhecem. Portanto, sendo esta a evidente realidade, o que pode impedir a criação e o funcionamento rápido dessa tal comissão de inquérito? Nada!

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