Vá lá, algum bom senso

|Hélio Bernardo Lopes|
A enorme maioria das pessoas atentas ao que decorre na vida pública ter-se-á já dado conta de que o recente barulho criado ao redor da próxima eleição autárquica no Porto se ficou a dever às tomadas de posição de Rui Moreira. Pude já escrever sobre este tema e creio ter mostrado ser esta a realidade.

Isto não significa que Rui Moreira não acabe até por conseguir dar mostras de bom senso, agora que se percebeu que o PS se determinou a apresentar Manuel Pezarro como candidato à liderança da referida autarquia. Um tema em que Francisco Louçã, na sua crónica semanal, falhou a toda a prova, prevendo que tudo ficaria na mesma, com o PS calado e alinhado.

Disse aogra Rui Moreira, em entrevista à TSF, que nunca renunciou ao apoio de ninguém. Bom, a impressão que se me foi consolidando não foi esta, antes a contrária. O que ficou nos mais atentos foi um Rui Moreira incomodado com as palavras (corretas e lógicas) de Ana Catarina Mendes, e também com o facto de muitos dirigentes do PS não quererem que Rui Moreira fizesse um acordo com o PS. Mas também isto é coisa natural e corrente, não faltando exemplos, entre nós, e logo a começar pela corrida à liderança da autarquia lisboeta.

Penso, porém, que Rui Moreira tem razão quando refere que o PS queria era uma coligação informal e que isto não pode ser um apoio condicionado. De facto, em absoluto, Rui Moreira tem razão, mas não ao ponto de proceder como se viu, porque este tipo de situações é como lana caprina por todo o lado onde funcionam democracias.

Um ponto há, porém, que justificou este meu escrito, e que é quando Rui Moreira reconhece saber perfeitamente que sem o PS tudo vai ser mais difícil. No fundo, o que a evidência nos impõe e que Miguel Sousa Tavares ontem referiu no seu comentário televisivo. Mas também o inverso do que um coro de jornalistas logo se pôs a debitar, condenando o PS, apresentando-o como responsável único e como vítima de toda esta barraca causada pela hipersensibilidade de Rui Moreira.

Espero agora que os grandes partidos portugueses se apercebam do seu dever de apresentar sempre listas em tudo o que seja concurso político, fugindo dos ditos independentes a sete pés, verdadeiro grupo populista, invariavelmente de Direita. Só os interessados dizem não perceber tal...

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