France great again!

|João Pedro Batista|
Toda a campanha eleitoral de Marine Le Pen apresenta traços muito semelhantes à campanha que levara Donald Trump a vencer as eleições nos Estados Unidos. Tal como o Sr. Trump, Marine Le Pen pode tornar-se Presidente de França, surpreendendo todas as sondagens, atores e comentadores políticos e até mesmo os militantes da Frente Nacional.

A saga de Donald Trump, que iniciara parecendo uma brincadeira algo irrealista e tida pouco em conta como se nunca pudesse ser possível, é, atualmente, uma realidade muito dura não apenas para alguns Estadunidenses, como também, naturalmente, para os cidadãos de todo o mundo. O mesmo se poderá dizer logo após as eleições presidenciais em França, caso ganhe Marine Le Pen, pois desenganem-se aqueles comentadores que acreditam na impossibilidade de esta levar avante todas as suas promessas eleitorais – regresso do franco; acabar com o acordo Schengen, estabelecendo limites rigorosos junto das fronteiras; a proibição de muçulmanos na França; isolamento económico e social, entre outros. Desenganem-se os que acreditam que este discurso não passa de um instrumento político falacioso ou irrealista para despertar, tal como fizera Trump, a classe mais carenciada e que se encontra de costas voltadas para os partidos do Centro do espectro político.

Tal como sucedera com Trump – que não perdera tempo para implementar as suas medidas com todos aqueles decretos calamitosos – Le Pen apresenta-se como uma candidata de fortes convicções, porém, ao contrário do presidente norte-americano, a candidata francesa revela ter uma enorme experiência política, o que pode tornar o caso mais gravoso.

Mais: Marine Le Pen foca essencialmente o seu discurso nos valores e na segurança do país com o objetivo de tocar num ponto que é extremamente sensível aos cidadãos franceses. Le Pen, à semelhança de Trump, procura recuperar a identidade francesa e a força do exército francês, assumindo sempre um discurso habilidoso, simplista e populista, o que o torna facilmente compreensível e reconhecido por todos.

Marine Le Pen não tem como candidata Hillary Clinton, mas tem Emmanuel Macron, um candidato teoricamente fraco e que, tal como Clinton, apresenta um histórico pouco favorável à captação do voto do povo francês. Desta forma, a vitória de Macron está longe de estar garantida, apesar de ter do seu lado toda a Esquerda e Direita moderadas. Importa, pois, salientar que o povo francês encontra-se mais dividido ideologicamente do que nunca e Macron terá que um trabalho árduo em demonstrar que não representa o “legado” de François Hollande, mas antes uma alternativa viável para o futuro dos franceses e do resto dos europeus, que não passa pelo “Frexit”, mas antes por uma europa mais unida.

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN