A imprensa portuguesa rendida ao maravilhoso mundo do clickbait

|João Pedro Batista|
A sociedade encontra-se, de momento, no auge da evolução contínua das novas tecnologias de informação. Atualmente, o nosso mundo está, constantemente, em plena transformação tecnológica, daí a necessidade recorrente de adaptação humana à realidade virtual, que ocupa, cada vez mais, todas as entidades institucionais ou empresariais.

Deste modo, os meios de comunicação, ditos tradicionais (rádio, televisão, jornal, revista, etc.) encontram-se, hoje, submetidos ao poder de uma mescla de plataformas virtuais que além de terem a capacidade de difundir todos os conteúdos informativos a uma velocidade nunca antes vista, conseguem ainda atingir milhões de leitores distribuídos por todo mundo, através das denominadas redes sociais.

O que é fantástico no que trata à promoção da participação cívica e política do cidadão, permitindo que este se mantenha mais informado e que obtenha um maior protagonismo no que respeita aos assuntos públicos.

No entanto, a competitividade informativa que estas redes geram, todos os dias, entre os meios e órgãos de comunicação, é de tal modo gigantesca que faz com que a qualidade e a veracidade da informação se deteriore por completo.

Os órgãos de comunicação encontram-se hoje contaminados por um vírus chamado clickbait, que tem como propósito, única e exclusivamente, levar os utilizadores destas redes a efetuarem o clique e a abrirem a página da notícia.

Este vírus tem vindo a aumentar exponencialmente o número de órgãos de comunicação infetados, que com o objetivo de aumentar as audiências, se deixam infetar voluntariamente ao adotar por um jogo sujo e barato que se resume não apenas pelas publicações de manchetes falaciosas, mas também pelas notícias assentes na calunia e no boato.

Hoje em dia, qualquer utilizador das redes sociais é invadido por inúmeros posts de órgãos de comunicação que intitulam as suas noticias em torno do suspense e da cusquice, dotados de um manuseamento nato na seleção das palavras que compõem os seus títulos, de forma a promover, somente, o clique do leitor, ao invés de se preocuparem com a qualidade da notícia.

Perde-se a conta ao número de vezes que nos deparamos com posts ou publicações de índole “informativa” com imagens pouco esclarecedoras, com títulos inacabados, ou com títulos do género: “saiba o que fez fulano” (sem nomearem o nome do individuo), ou “saiba quem era a pessoa que estava ao lado de Cristiano Ronaldo”, entre muitos outros.

Infelizmente, estes títulos compõem, atualmente, a maioria das notícias dos maiores órgãos de comunicação em Portugal, denegrindo a imagem, a reputação, o compromisso e a honestidade dos poucos órgãos que procuram a verdade jornalística e que não se vendem nem se submetem à política do clickbait.

Cabe-nos, portanto, a todos renunciar esses posts que nada acrescentam ao nosso intelecto, porque o sucesso de toda esta praga calamitosa, enganosa e extremamente desonesta reside na falta de leitores competentes e suficientemente instruídos que não alimentem especulações nem atribuam importância a “notícias” insignificantes.

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