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| |Hélio Bernardo Lopes| |
A verdade, porém, é que poucos elaboram, mesmo que minimamente, sobre estes conceitos e sobre a sua lógica nestes tempos. Vejamo-los, então. O conceito de populista é simples: alguém que se aproveita da revolta popular contra certas injustiças, alimentando-lhe o sonho de que, a ser escolhido para o poder, as debelará, em geral criando e ajudando a desenvolver sentimentos primários contra os tomados como responsáveis pelo mal sentido e identificado.
Acontece que esta realidade está sempre presente, ao menos no plano potencial. Passar deste plano para um outro, atual, pressupõe o porfiar nos erros que criaram o mal estar junto da população alvo do tal populismo. É, precisamente, o que se criou nos dias de hoje, por via de terríveis e prolongados erros, consequência natural de se ter minimizado o Estado, com o seu papel corretor, para mais ao serviço de interesses puramente materiais, suportados no lucro dos que só pensam nos seus interesses.
A verdade é que o populismo é a essência da democracia. Até do proselitismo religioso. O populismo surge a cada esquina, embora só agora, perante a passagem do poder da tal nomenklatura neoliberal mundial para um segundo plano, o combate ao populismo esteja na ordem do dia. No fundo, é o pensamento único, criado pela tal nomenklatura neoliberal mundial, que está a ser posto de lado pelos povos de todo o mundo, fruto da péssima, injusta e desumana prática governativa prosseguida.
Quanto ao fascismo e ao nazismo – são conceitos distintos –, a verdade é que eles nunca tiveram um fim. Não poderiam tê-lo. Depois do segundo grande conflito mindial, já derrotados, como que entraram em hibernação. Em todo o caso, sempre vivos, aguardando uma oportunidade para poderem regressar, embora convenientemente adaptados. Essa oportunidade tem vindo a desenvolver-se, na peugada da passagem, com armas e bagagens, dos ditos socialistas democráticos para o serviço da corrente neoliberal e globalizante. A democracia, sempre brandida, perdeu importância, o que as populações percebem com a maior facilidade.
A tudo isto, somam-se as duas guerras ora em curso: a guerra conduzida pelos Estados Unidos, destinada a dominar o mundo; e a guerra religiosa, agora numa fase de exterminação do Islão, logo seguida de outra similar, mas contra a Igreja Católica Ortodoxa, a que se seguirá – é o que se sonha – a possível morte das restantes igrejas cristãs.
Será na sequência destes conflitos que acabarão por triunfar o fascismo e o nazismo, sempre com democracia formal mas vazia, e convenientemente adaptadas às novas realidades entretanto criadas.
Também entre nós estão presentes o fascismo e o nazismo, mas não assumidos de um modo aberto. Dentro do modo português de estar na política, há já hoje uma separação entre a prática política e os valores que a suportam. E essa prática carateriza-se por, em nome da democracia e da defesa dos mais fracos, continuar a piorar a situação destes. De resto, estes nossos fascistas e nazis, em geral ligados à área conservadora e tradicional da nossa comunidade, usam, por igual e em profusão, o populismo. Mas usam-no apontando os riscos do populismo (nos outros). Tudo está em ser, mas parecendo não o ser. Uma prática política muito facilitada, em face do aberto apoio da grande comunicação social e da desatenção, forte e ampla, dos portugueses pelo que vai por cá e pelo mundo.
Termino, pois, com esta conclusão, como que à laia de chamada de atenção: o populismo, o fascismo e o nazismo estão já entre nós e atuantes. Os seus promotores, com toda a lógica, parecem dizer exatamente o contrário. E a vida corre.
