Uma coragem rara

|Hélio Bernardo Lopes|
Fiquei ontem deveras impressionado com a coragem do académico Viriato Soromenho Marques, tal como da sua colega conimbricense, Maria Raquel Freire, ao exporem, com verdade e com grande clareza, o que se passa, de facto, com o mentiroso alerme operado pelos Estados Unidos, França e Reino Unido contra a Rússia de hoje, ao redor da tal dita espionagem informática, bem como da real valia do poder e da influência russa atuais. 

A generalizada cobardia reinante na nossa grande comunicação social transformou estas duas intervenções em autênticas singularidades.

De um modo automático, de pronto estabeleci uma comparação entre este debate de ontem e a entrevista curta que o tenente-general José Garcia Leandro concedeu a Ana Lourenço, por acaso também na RTP 3: um abismo. E poderia, sem dúvida, não o ter sido, se o nosso militar se tivesse determinado a fugir ao politicamente correto.

E estou agora a recordar-me do esforço do general Martins Barrento – já lá vão anos –, tentando mostrar que Slobodan Milosevik era um mau, mas sem referir o que bem conhecia, já nesse tempo: que a desgraça da antiga Jugoslávia foi iniciada pela ação da Alemanha e do Vaticano, como tão bem desenvolveu, em obra longa e suportada num conhecimento direto, o nosso concidadão, Carlos Santos Pereira.

Um dado é certo: este tempo mais recente d’O PRINCÍPIO DE INCERTEZA, por via dos académicos Viriato Soromenho Marques e Maria Raquel Freire, mostrou a fantástica mentira por mim de há muito exposta em mil e um textos, ao redor da Rússia e de Vladimir Putin. Ainda assim, faltou referir a outra parte da verdade: o estado do mundo que hoje conhecemos não se deve à Rússia, seja de Putin ou de qualquer outro, mas sim à antiga e cabal dominância dos interesses mundiais por parte dos Estados Unidos e dos restantes Estados de si dependentes.

Devo dizer que não é a primeira vez que oiço, ou leio, Viriato Soromenho Marques em esclarecimentos de verdade como o ora escutado. E se assim se não tem dado com Raquel Freire, tal só se deverá ao facto de desconhecer a sua existência.


Mas conheço agora já bem mais do que ontem: é professora associada com agregação da Universidade de Coimbra, e tem já um currículo mui vasto e brilhante. Terei de dedicar este domingo a conseguir obter o que me for possível desse seu currículo vasto e brilhante. Enfim, um tempo de uma coragem hoje muito rara na nossa grande comunicação social, apenas preocupada – e porquê?...– com a tal dita mentirinha do Ministro da Finanças, Mário Centeno. Uma marca do tempo...

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