Durante a época de gripe, as urgências hospitalares ficam frequentemente sobrelotadas, com consequências negativas para o funcionamento dos serviços de saúde e o atendimento aos doentes. Um estudo do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), liderado por Joana Gonçalves-Sá , apresenta um novo método para identificar o início da epidemia, antecipando em várias semanas os alertas oficiais atualmente existentes. Este método, em conjunto com o sistema de vigilância atual, pode vir a ajudar os serviços de saúde a antecipar, preparar e responder mais prontamente ao pico da gripe. Este estudo foi agora publicado na revista científica PLoS Computational Biology .
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Joana Gonçalves Sá |
Este método integra informações de diferentes fontes, nomeadamente as taxas oficiais de incidência de gripe, pesquisas no Google por termos relacionados com a gripe e o serviço telefónico de triagem Saúde 24. Esta informação é então utilizada para alimentar um modelo matemático e computacional que consegue identificar mudanças no número de casos, sinalizando o início da epidemia. A equipa de investigação analisou dados de vários países europeus e utilizou o seu novo método para mostrar que, pelo menos em 8 países - Bélgica, Espanha, Hungria, Irlanda, Itália, Noruega, República Checa e Portugal -, é possível antecipar os alertas oficiais em várias semanas.
Joana Gonçalves-Sá explica: "O nosso método tem duas vantagens principais. Primeiro, pode ser usado com uma diversidade de fontes de dados, algumas delas próximas do tempo real. Isto reduz os desvios na amostragem e os atrasos entre o início do surto e a sua deteção. Em segundo lugar, o sistema é suficientemente simples e robusto para ser usado pelas autoridades responsáveis. Basicamente, calcula a probabilidade da temporada de gripe ter começado. Quando esta probabilidade ultrapassa um determinado valor, os serviços de saúde devem começar a preparar-se para o pico.”
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A gripe sazonal é uma doença infecciosa causando anualmente entre 3 a 5 milhões de casos de doença grave e até meio milhão de mortes, em todo o mundo.
Este estudo foi desenvolvido no Instituto Gulbenkian de Ciência e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Referência do artigo:
Won M, Marques-Pita M, Louro C, Gonçalves-Sá J (2017) Early and Real-Time Detection of Seasonal Influenza Onset. PLoS Comput Biol 13(2): e1005330. doi:10.1371/journal.pcbi.1005330
Ana Mena (Comunicação de Ciência - Instituto Gulbenkian de Ciência)
Conteúdo fornecido Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva