Uma ideia a seguir em Portugal

|Hélio Bernardo Lopes|
Nos termos do recentemente noticiado pelo The Guardian, os trabalhores franceses estão agora abrangidos por uma lei protecionista do seu descanso diário e do correspondente encontro com a família e com a possibilidade de se deleitarem com distrações de tipo divrso, em todo o caso úteis sob muitos aspetos.

Desde o início deste novo ano de 2017 as empresas têm de assegurar aos seus funcionários o direito de se desligarem do seu correio eletrónico, mesmo telefónico, a fim de se pôr um cobro na constante dependência psicológica de consultar a correspondente caixa de correio. Uma prática que retirava a quem trabalha o essencialíssimo desprendimento dos deveres do trabalho, garantindo um justo descanso e um encontro familiar e com as distrações tidas por convenientes.

Com ou sem estudos a montante, a verdade é que a conjetura facilmente nos permite perceber que o uso excessivo das ditas modernas tecnologias está a ser fonte de transtornos humanos e familiares os mais diversos. Ao contrário de tempos ainda recentes – duas décadas –, quase deixou de possuir-se convívio familiar e com amigos, mas por igual o acesso a essenciais distrações, muitas delas portadoras de grande valor cultural, como o teatro, o cinema e a leitura. Mesmo o acompanhamento calmo e atento de um bom noticiário televisivo. No fundo, criou-se um novo tipo de escravatura.

Claro está que este direito de quem trabalha terá também de ser alvo de negociação ao nível empresarial, defindindo, digamos assim, um plano adequado a cada função e a cada trabalhador. Como se percebe, este direito não poderá nunca ser um direito absoluto, à revelia do que quer que seja. Basta recordar os casos relativos a serviços de segurança, em geral, ou militares, ou médicos e de enfermagem, ou de bombeiros, etc.. Ainda assim, trata-se de um passo em frente em matéria de readaptação a uma sociedade mais equilibrada e mais justa.

Formulo votos, ao início deste ano de 2017, para que uma tal metodologia venha a ser implantada em Portugal, para o que teria (desta vez) grande vantagem a Concertação Social. Veremos se, neste domínio, o patronato irá permitir que se construa uma sociedade realmente mais saudável e humana, ou se prossegue pelo caminho tantas vezes já criticado por Francisco, que é o da senda da maximização do lucro e da riqueza a toda a prova.

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