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| |Hélio Bernardo Lopes| |
Mas este infeliz acontecimento foi ainda mais lamentável porque o impediu de poder tomar conhecimento da recente consideração da Conferência Episcopal Venezuelana. Embora não sendo uma novidade na atitude da Igreja Católica Romana, sempre que necesssário, a verdade é que se constituiria numa boa resposta em face de tantas considerações feitas por tantos sobre a ação da Igreja, para mais agora, com Francisco ao seu leme.
Num seu comunicado, a Conferência Episcopal Venezuelana veio exprimir o seu ponto de vista de que o sistema socialista fracassou na Venezuela, pelo que insta o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição a dialogarem para solucionar os problemas nacionais. Trata-se, obviamente, de meia verdade e de meia treta. Uma realidade que os leitores deverão escalpelizar, se assim entenderem.
Dentro do mesmo tom, a Conferência Episcopal Venezuelana apelou ao Governo de Nocolás Maduro para que respeite os anseios da população, que deseja mudanças políticas através de eleições. Ora, imagine o leitor que por cá se tivesse passado, com o Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, o que agora está a dar-se na Venezuela, com o de Nicolás Maduro. Consegue o leitor acreditar que uma tal proposta teria entre nós lugar? Claro que não! De pronto os bispos viriam a terreiro dizer que o Governo saíra de eleições livres e que os mandatos deviam ser integralmente cumpridos.
Por fim, esta excelente tirada da Conferência Episcopal Venezuelana: o sistema socialista fracassou em todos os países em que se instaurou. Bom, caro leitor, de imediato para mim disse: que pena que Mário Soares nos tenha deixado! O que diria o nosso antigo Presidente da República sobre esta tirada dos bispos da Venezuela? E será que Fátima Campos Ferreira ou Clara Ferreira Alves lhe colocariam este tema. Muito sinceramente, não creio.
Felizmente, temos ainda entre nós – desejo que por muitíssimos anos – Maria de Belém, Jorge Coelho, José Vera Jardim e todos os restantes militantes do PS que também são católicos – os tais socialistas democráticos... De molde que surge a questão: que têm a dizer de tais considerações dos bispos da Venezuela? E já agora para estes: o que disseram e fizeram, bem como os seus colegas dos Estados do subcontinente americano, quanto terríveis ditaduras sanguinárias ali permaneceram? Nada, claro está.
Por fim, uma realidade objetiva: a generalidade dos partidos da Internacional Socialista, se não desapareceram da cena política, passaram-se de armas e bagagens para o seio da nomenklatura neoliberal mundial, para o que basta olhar quem tem passado por Bilderberg. Por isso tanto hoje reagem contra Vladimir Putin e Donald Trump, por se terem estes determinado a defender o interesse dos seus países e dos seus povos. Alguém os viu protestar contra a escuta maciça e global dos Estados Unidos a tudo e a todos? Claro que não! E a hierarquia da Igreja Católica Romana o que disse ou fez? Nada! Por tudo isto, e por tudo o mais, foi pena que Mário Soares nos tenha deixado por estes dias, sem ter podido escutar este recente atestado de falência política do socialismo. Do real e do democrático.