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|Hélio Bernardo Lopes| |
Em primeiro lugar, estes dias de congresso foram o culminar de muitos meses de diálogos e discussões ao nível das estruturas de base do PCP. E não pode imaginar-se que em tais iniciativas não exista liberdade de manifestar o pensamento, ou quem da mesma se visse impedido simplesmente deixaria o partido.
Em segundo lugar, o PCP mostrou-se completamente atento às realidades que hoje vão pelo mundo, apontando-as de um modo claro e público. Duas dessas realidades são a lamentável adoção do euro como moeda portuguesa e a própria pertença à União Europeia, ambas gerando uma subordinação da soberania portuguesa à decisão, aos interesses e à ideologia de Estados que nos são exteriores.
Em terceiro lugar, o PCP não pôs de lado a realidade nacional, antes a colocando em primeiro lugar no domínio da sua ação política. E essa realidade vinha exigindo que se pusesse um fim na destruição do Estado Social que havia sido iniciada pelo PSD e pelo CDS/PP. Esse caminho, como se vê, era um caminho possível, mas que sempre havia sido recusado pelos neoliberais do PSD e do CDS/PP.
E, em quarto lugar, este congresso não deixou de marcar as diferenças entre o pensamento do PCP e o do PS, situação que sempre esteve viva mas que poderia ser esquecida, ou tentar ser usada pela Direita para minar a determinação ideológica das bases do PCP. Neste sentido, dificilmente se poderia ter feito melhor do que agora se pôde ver.
Sendo um congresso de resultante final expectável, ele foi deveras clarificador em muitas das questões que iam sendo fabricadas pela grande comunicação social, de um modo muito geral fortemente alinhada com a tal nomenklatura mundial neoliberal. Ainda assim, uma nomenklatura – recorde-se Bilderberg – que não conseguiu levar à vitória de Hillary Clinton, acabando por ser levada de vencida por Donald Trump.
Duvido hoje de que um qualquer outro partido político português consiga desenvolver uma ação política interna tão vasta e esclarecedora dos seus militantes como o PCP. Uma realidade muito mais significativa se tivermos em conta que a militância comunista é, em mui boa medida, constituída por concidadãos sem grande alardes académicos. Invariavelmente, nada no PCP é feito sobre o joelho, havendo que creditar-lhe a capacidade de previsão de tantas catástrofes para que o PS, o PSD e o CDS/PP nos atiraram.