A trafulhice política

|Hélio Bernardo Lopes|
Desde que Felipe Gonzalez surgiu na política espanhola que me dei conta de que se estava perante mais um dos trafulhas da História Política. A sua presença à frente do Governo Espanhol confirmou a minha impressão que vinha de trás.

Ao princípio, muitos imaginaram que as suas posições se deviam à Guerra Fria e à existência, ao tempo, da antiga União Soviética, mas tudo não passou de mais um engano. Um engano mais ou menos conveniente. Um engano logo aplaudido por todos os que nunca haviam tido um mínimo de inconveniente com o franquismo. E também sempre acreditei que se Gonzalez já vivesse no tempo da Guerra Civil de Espanha nunca se teria batido, no terreno, ao lado dos republicanos, antes colocando-se no estrangeiro, apoiando estes.

O desenrolar dos acontecimentos históricos trouxe o fim do comunismo e, logo, da Guerra Fria. Simplesmente, não puseram um fim no espírito dos Estados Unidos em tentarem ser os senhores do mundo. De molde que Gonzalez, com o triunfo neoliberal, que ajudou a vencer com as suas políticas, por rápido se colocou contra quantos defendem o tal socialismo democrático, acabando por defender um alinhamento do PSOE com a Direita do PP. É o Gonzalez mais autêntico que se conheceu na História de Espanha, desde o fim do franquismo. Um trafulha da política.

Compreendo, pois, muitíssimo bem e de modo fácil, a manifestação de ontem, em que muitos manifestantes, boa parte deles de cara coberta, inviabilizaram pela força uma conferência do antigo Presidente do Governo na Faculdade de Direito da Universidade Autónoma de Madrid. Nada seria mais natural e expectável. Uma conferência organizada pelos novos donos de Espanha, subordinada ao tema, SOCIEDADE CIVIL E MUDANÇA GLOBAL. Um encontro semelhante a tantos outros que vêm tendo lugar nos países do Sul da Europa, sendo de perguntar se Mário Vargas Llosa estava presente.

Felipe Gonzalez será, porventura, o exemplo supremo de como o dito socialismo democrático se tornou, por quase todo o mundo, a porta de entrada dos grandes interesses nos diversos países. Sempre, naturalmente, através do dito mecanismo democrático. E é esta a razão do crescente desinteresse dos cidadãos pela democracia, bem como da ascensão dos mil e um populismos por partes extensas da famigerada União Europeia. Em nome do mecanismo democrático, Gonzalez e quejandos pretendem levar os cidadãos a aceitarem, de facto, os resultados de uma qualquer ditadura, mais ou menos branda.

Do outro lado do Atlântico, lá prosseguem as eleições norte-americanas. Não tendo acompanhado o debate desta madrugada, a verdade é que Donald Trump bem poderá ter razão na situação de batota eleitoral que vem apontando. Uma batota que começa logo nas televisões e jornais europeus, onde os casos mais graves postos a nu sobre Hillary Clinton raramente são aflorados e onde se tratam como verdadeiras as notícias mais diversas vindas a público sobre Donald. E Donald Trump tem que ter consciência desta realidade. No fundo, ele põe em causa uma das maiores mentiras do Século XX, que é a suposta democracia norte-americana.

Pude já referir o que se passou com George W. Bush e Al Gore, mas também com John Kennedy e Richard Nixon, em que este moveu um processo por fraude eleitoral. E tinha a mais cabal razão. Mas poderia referir-se, entre mil e um outros casos, ao homicídio nunca explicado dos irmãos Kennedy, mas também ao da morte da acompanhante de Edward Kennedy, em Chapadiquick. E nem por um segundo deixo de acreditar no uso de drogas pelos políticos norte-americanos, incluindo o próprio Donald Trump.

Mais interessante é a ideia de Michael Moore, a cuja luz Donald Trump nunca pensou em chegar à fase final da campanha e muito menos em ser Presidente, assegurando que Donald está a fazer tudo para sabotar a sua própria campanha. Embora sem pensar nas razões de uma tal estratégia, eu mesmo tive a oportunidade de dizer a gente amiga ou conhecida que esta poderia ser uma realidade. Infelizmente, nunca a escrevi.

Infelizmente – ou felizmente –, este caso das eleições norte-americanas veio mostrar, em complemento de tantos outros indicadores, o estado a que chegou a sociedade norte-americana. E nem por um momento duvido de que a vitória de Hillary se prolongará, num ápice, para novos conflitos bélicos internacionais. Porventura, a um nível global. De resto, como se sabe bem, foi sempre esta a realidade com os grandes conflitos mundiais em que os Estados Unidos intervieram: sempre com presidentes do Partido Democrata, o defensor, há décadas, do esclavagismo. Preparemo-nos...

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